Escoteiros dos Estados Unidos passam a admitir jovens homossexuais mas não adultos

Mudança foi aprovada com 61% dos votos a favor. Proibição existia há 103 anos.

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Manifestação de apoio à igualdade nos escoteiros feita dia 22 de Maio nos Estados Unidos Win McNamee/AFP

Ao todo, entre os 1440 delegados, 61% dos presentes votaram a favor do fim da proibição que durante décadas impediu que os jovens homossexuais que revelassem a sua orientação sexual pudessem aderir aos “Boy Scouts”, adianta a Reuters. A alteração, contudo, só passará a estar em vigor a partir de 1 de Janeiro do próximo ano.

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Ao todo, entre os 1440 delegados, 61% dos presentes votaram a favor do fim da proibição que durante décadas impediu que os jovens homossexuais que revelassem a sua orientação sexual pudessem aderir aos “Boy Scouts”, adianta a Reuters. A alteração, contudo, só passará a estar em vigor a partir de 1 de Janeiro do próximo ano.

Esta norma dos “Boy Scouts” tinha 103 anos mas, mesmo assim, não será de todo eliminada. Na reunião, os escoteiros preferiram manter a proibição para os adultos homossexuais responsáveis por orientar as crianças. Os “Boy Scouts” nasceram em 1910 e cerca de 70% das suas organizações associadas são de cariz religioso, pelo que a decisão tomada na quinta-feira já foi criticada por grupos mais conservadores, nomeadamente por algumas organizações religiosas que defendem que a mudança destrói a mensagem sobre moral que os escoteiros tentam transmitir.

“Não se pode negar nenhum jovem nos Boy Scouts dos Estados Unidos com base na sua orientação ou preferência sexual”, lia-se na proposta que foi submetida a votação, citada pelo diário espanhol El Mundo. A organização já tinha tentado tomar uma decisão relacionada com este assunto em Fevereiro, mas ao fim de alguns dias não houve acordo e o assunto foi adiado. Na altura o próprio Presidente norte-americano, Barack Obama, participou no debate e mostrou-se favorável à mudança, dizendo que “os gays e as lésbicas devem ter direito como qualquer outra pessoa a aceder a cada instituição e rumo de vida”.

“Os pais, os adultos e os adolescentes na comunidade de escoteiros tendem a concordar que na juventude não se devem negar os benefícios da exploração. A resolução não diz respeito a adultos, trata sim do que é melhor para os jovens”, explicou ao diário USA Today o presidente dos Boy Scouts, Wayne Perry.

Nos últimos anos, na sequência de críticas, houve algumas tentativas para colocar um ponto final nesta proibição mas, em 2000, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos deu um parecer positivo à exclusão que fazia parte do estatuto dos escoteiros, dizendo que cada associação tem o direito a escolher os seus associados. No ano passado, o grupo voltou a recusar uma alteração da norma, o que lhe valeu uma grande diminuição no número de membros e também de patrocinadores devido à assumida posição anti-homossexualidade.

Desde 1999 que o número de inscritos nos escoteiros caiu em quase um terço, contando a organização agora com 2,7 milhões de pessoas nos Estados Unidos. A associação GLAAD, uma das principais incentivadoras da mudança, saudou à AFP a vitória “histórica para os jovens gays do país”, acrescentando ainda assim que se deve caminhar para a mesma mudança nos adultos. “Devemos continuar a trabalhar para que os pais e adultos gays possam integrar os escoteiros”, acrescentou a associação, que lançou já uma petição para acabar com a interdição entre adultos e que só na quinta-feira conseguiu 80.000 assinaturas.

Nota: Em português, são correctas as grafias escoteiros e escuteiros. A primeira é normalmente utilizada para designar os membros da Associação de Escoteiros de Portugal (de carácter interconfessional) e a segunda para nomear os elementos do Corpo Nacional de Escutas (ligado à Igreja Católica). Neste artigo optou-se pela grafia escoteiros, visto que os Boys Scouts integram várias confissões religiosas.