Luís Montanha: em homenagem ao misticismo do Douro

Tem formação em cinema, mas é com a fotografia que está a dar nas vistas. Luís Montanha tem 25 anos e é um dos fotógrafos emergentes da terceira edição do Entre Margens

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Luís Montanha

Os sapatos, velhos e gastos, estão alinhados no chão, prontos a serem usados. A tigela descansa sozinha, à espera de voltar a ser enchida. A cama permanece feita até que o sol se volte a pôr. E a mulher, marcada pelo tempo, espera com paciência o tempo passar. No tecto, uma lâmpada rasga a escuridão com um ponto de luz. 

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Os sapatos, velhos e gastos, estão alinhados no chão, prontos a serem usados. A tigela descansa sozinha, à espera de voltar a ser enchida. A cama permanece feita até que o sol se volte a pôr. E a mulher, marcada pelo tempo, espera com paciência o tempo passar. No tecto, uma lâmpada rasga a escuridão com um ponto de luz. 

 

Por vezes a melhor forma de ver as coisas é estar de fora a observar. Mas vendo as imagens que o fotógrafo Luís Montanha captou para a exposição Entre Margens, é difícil ficar indiferente à proximidade e intimidade da sua perspectiva.

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Luís Montanha é licenciado em Cinema Joana Maltez

 

É como se os sapatos, a tigela, a cama, a velha e a lâmpada tivessem lá estado o tempo todo, à espera de serem descobertos. E para Luís estiveram. Foi em Vila Real que ele cresceu, no colo da avó, com o Douro ao fundo, guardado pelo Marão e o Alvão. 

 

Luís é licenciado em cinema, e foi um dos fotógrafos emergentes seleccionados para expor o seu trabalho na terceira edição do Entre Margens. O P3 esteve com ele em Vila Real, no inauguração do evento. Falamos da arte e do Douro, e de como o caminho do cinema conduz à fotografia.

 

O “mistério da paisagem transmontana”

Começamos como deve ser, pelo princípio. Isto é, com o significado da exposição. “Murmúrio” aborda o “mistério da paisagem transmontana”, e a forma como “o seu misticismo se transporta para as casas”. Sem objectivos “políticos ou sociais”, o trabalho pretende “fazer uma homenagem a este espaço de abstracção e transcendência, quase sacral”. 

 

Luís conhece bem a sua região, quanto a isso não há dúvidas. E também sabe exactamente como a quer imortalizar. Mas nem por isso o seu trabalho se tornou intuitivo ou improvisado. No método de trabalho, a sua formação falou mais alto.

 

“Desenvolvi isto a partir de um 'storyboard', como no cinema”, reconhece o jovem. Começou por fazer “trabalho de rascunho e observação”, e depois de “encenação, cenografia, luz e composição”, em busca do “melhor resultado visual”. 

 

Deixamos de lado o seu trabalho, para falar do projecto como um todo. Luís é um forte defensor do “potencial visual e económico” da região do Douro, principalmente do interior. E saúda o Entre Margens por promover uma “intervenção cultural e social na região” tantas vezes esquecida.   

 

Mas o jovem não se limita a aplaudir os esforços alheios. Actualmente a usufruir do estatuto de bolseiro do Passaporte para o Empreendedorismo, está a “construir um estúdio de fotografia e design” juntamente com um amigo, em Vila Real. Paralelamente está a promover encontros de artes visuais, onde espera “colocar os profissionais do mercado em contacto directo com estudantes e demais interessados”.