Parlamento britânico aprova casamento gay

Diploma, contestado pela ala mais à direita dos conservadores, segue agora para a Câmara dos Lordes. Apoio dos trabalhistas foi essencial para evitar novo embaraço a Cameron.

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A votação foi uma derradeira formalidade antes de o projecto ser enviado para a Câmara dos Lordes, e o seu desfecho era garantido desde que, na véspera, foi chumbada a alteração de última hora apresentada por deputados conservadores que se opõem à lei. A proposta visava alargar aos heterossexuais as uniões civis – contratos criados em 2005 exclusivamente para os casais homossexuais –, mas para o Governo o real propósito da iniciativa era adiar por tempo indefinido o diploma.

O líder dos trabalhistas, Ed Miliband, que inicialmente se mostrara favorável ao fim da diferenciação, acabou por ir em socorro de Cameron, anunciando que votaria contra a alteração, num gesto que foi seguido pela sua bancada e que selou o chumbo da iniciativa, por 375 votos contra 70.

Pela segunda vez numa semana, Cameron conseguiu evitar a derrota no Parlamento, mas apenas porque a oposição (bem como os liberais-democratas, parceiros de coligação) vieio em seu auxílio – uma posição que não é só desconfortável como perigosa, escreveu o Guardian. O jornal lembrou que, em 2006, Tony Blair foi forçado a anunciar uma data para a saída do poder, meses depois de ter ficado dependente dos conservadores, então na oposição, para aprovar uma decisiva reforma na educação.

A clara maioria com que foi aprovada (366 votos a favor e 161 contra) torna improvável que o casamento gay seja barrado na Câmara dos Lordes, mas se o diploma sofrer grandes alterações terá de regressar aos Comuns para nova votação, o que atrasaria a entrada em vigor de uma lei que o Governo quer finalizar até ao Verão. O novo período deverá também ser aproveitado por altas figuras dos tories e pelos bispos da Igreja anglicana (com assento na Câmara dos Lordes) para reafirmarem a sua oposição à lei. O antigo presidente do partido conservador Norman Tebbit já veio dizer que tornará possível que o Reino Unido no futuro tenha “uma rainha lésbica, que decida casar-se com outra mulher, e um herdeiro fruto de uma inseminação artificial”.
 
 

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A votação foi uma derradeira formalidade antes de o projecto ser enviado para a Câmara dos Lordes, e o seu desfecho era garantido desde que, na véspera, foi chumbada a alteração de última hora apresentada por deputados conservadores que se opõem à lei. A proposta visava alargar aos heterossexuais as uniões civis – contratos criados em 2005 exclusivamente para os casais homossexuais –, mas para o Governo o real propósito da iniciativa era adiar por tempo indefinido o diploma.

O líder dos trabalhistas, Ed Miliband, que inicialmente se mostrara favorável ao fim da diferenciação, acabou por ir em socorro de Cameron, anunciando que votaria contra a alteração, num gesto que foi seguido pela sua bancada e que selou o chumbo da iniciativa, por 375 votos contra 70.

Pela segunda vez numa semana, Cameron conseguiu evitar a derrota no Parlamento, mas apenas porque a oposição (bem como os liberais-democratas, parceiros de coligação) vieio em seu auxílio – uma posição que não é só desconfortável como perigosa, escreveu o Guardian. O jornal lembrou que, em 2006, Tony Blair foi forçado a anunciar uma data para a saída do poder, meses depois de ter ficado dependente dos conservadores, então na oposição, para aprovar uma decisiva reforma na educação.

A clara maioria com que foi aprovada (366 votos a favor e 161 contra) torna improvável que o casamento gay seja barrado na Câmara dos Lordes, mas se o diploma sofrer grandes alterações terá de regressar aos Comuns para nova votação, o que atrasaria a entrada em vigor de uma lei que o Governo quer finalizar até ao Verão. O novo período deverá também ser aproveitado por altas figuras dos tories e pelos bispos da Igreja anglicana (com assento na Câmara dos Lordes) para reafirmarem a sua oposição à lei. O antigo presidente do partido conservador Norman Tebbit já veio dizer que tornará possível que o Reino Unido no futuro tenha “uma rainha lésbica, que decida casar-se com outra mulher, e um herdeiro fruto de uma inseminação artificial”.