Nova plataforma informática para combater insucesso e abandono escolar
Associação EPIS propõe plataforma a escolas dos 2.º e 3.º ciclos.
O projecto Mentores EPIS pretende adaptar os métodos de combate ao insucesso escolar que a associação tem testado desde 2006 em projectos-piloto desenvolvidos em escolas parceiras a uma plataforma informática disponível para escolas de todo o país ou até de outros países que falem português.
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O projecto Mentores EPIS pretende adaptar os métodos de combate ao insucesso escolar que a associação tem testado desde 2006 em projectos-piloto desenvolvidos em escolas parceiras a uma plataforma informática disponível para escolas de todo o país ou até de outros países que falem português.
Com os seus projectos, a associação pretende trabalhar fora da sala de aula com os jovens sinalizados como estando em risco de abandono ou de insucesso, ensinando-os a gerir as suas “competências sociais e pessoais, um projecto de vida, o tempo, os seus hábitos e a auto-regular a impulsividade, ansiedade e o stress, para que depois, no contexto de sala de aula, tenham capacidade de tirar partido do que aprendem para terem sucesso escolar”, explicou Diogo Simões Pereira, director-geral da EPIS.
O responsável destacou que actualmente o modelo de funcionamento da associação “tem uma componente de formação e de acompanhamento muito intensiva”, que implica “um investimento grande em formação e acompanhamento no terreno, o que obviamente é uma barreira à maior massificação” dos programas.
No entanto, como “uma boa parte das metodologias de trabalho são simples e podem ser assimiladas de uma forma simples, nomeadamente de modo remoto por mais pessoas e por mais técnicos”, surgiu a ideia de desenvolver uma plataforma informática, que deverá estar disponível em mais de mil agrupamentos de escolas no início do próximo ano lectivo, acrescentou.
O Mentores EPIS foi apresentado no Fórum Escolas de Futuro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, nesta segunda-feira, onde foram também divulgados resultados de outros programas da associação, nomeadamente os projectos Mediadores para o Sucesso e Abandono Zero.
O primeiro destes programas foi realizado no concelho de Paredes junto de crianças do 2.º ciclo, através do acompanhamento de cerca de 120 alunos seleccionados por apresentarem factores de risco logo após o 1.º ciclo – “nomeadamente notas negativas nas provas de aferição ou nos exames”, contexto familiar ou território onde vivem, que, à entrada para o 3.º ciclo, tinham diminuído consideravelmente os factores de risco identificados.
“Estamos agora a lançar um projecto-piloto no 1.º ciclo, que vai demorar quatro anos, porque vai acompanhar os quatro anos de escolaridade, e possivelmente vamos concluir o mesmo, o que quer dizer que focalizaremos cada vez mais para mais cedo todas as intervenções com jovens em termos de combate ao insucesso escolar, começando a intervir ainda na fase em que são crianças”, disse.
O programa Abandono Zero decorreu nos últimos dois anos em Sesimbra e permitiu “tirar da zona do precipício” cerca de 70% dos jovens identificados como estando em fase de abandono escolar, de marginalidade e de comportamentos de risco neste concelho.
Na sessão foi ainda apresentada a metodologia LEAN, que a escola da Abrigada (Alenquer) desenvolveu em parceria com a EDP com o objectivo de verificar como consumir menos recursos, não só materiais (como a água, a electricidade e o dinheiro), como não materiais (como o tempo e a forma como as pessoas planeiam as suas actividades).
A EPIS é uma associação de empresários, com mais de 250 empresas, que desenvolve programas para apoiar a inclusão social de jovens através da educação e inserção profissional, que tem actualmente como parceiros 16 municípios, mais de 60 escolas e o Instituto do Emprego e Formação Profissional.