Cientistas criam plástico biodegradável para agricultura

Consórcio de investigação que inclui portugueses desenvolveu um material ecológico para cobrir sementeiras. Novo produto pode ajudar a reduzir consumo de água e pesticidas

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Phil and Pam/Flickr

Uma investigação que juntou empresas e universidades de Portugal e outros países criou um plástico biodegradável, para cobrir várias sementeiras, com produtividade semelhante ao convencional e que poderá contribuir para a redução do consumo de água e de pesticidas.

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Uma investigação que juntou empresas e universidades de Portugal e outros países criou um plástico biodegradável, para cobrir várias sementeiras, com produtividade semelhante ao convencional e que poderá contribuir para a redução do consumo de água e de pesticidas.

A cientista do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade Técnica de Lisboa Elisabete Duarte, que participou na investigação, explicou à agência Lusa que o projecto destes plásticos amigos do ambiente chegou a “um produto que se adapta às culturas [de ciclo curto ou longo], com um desempenho em termos de produtividade idêntico ao do plástico convencional e uma qualidade, por vezes, superior”.

Por outro lado, “há fortes indícios de que permitirá diminuir o consumo de água, de pesticidas e de fungicidas”, acrescentou a especialista, realçando, no entanto, a necessidade de “fazer mais experimentação porque cada cultura tem as suas especificidades” e as doenças ou pragas que afectam cada uma são diferentes.

Unir a ciência à indústria

O projecto comunitário, chamado Agrobiofilm, juntou três Pequenas e Médias Empresas (PME), incluindo a portuguesa Silvex, que coordenou o trabalho, e centros de investigação de Espanha, França, Noruega e Dinamarca, além do ISA, e é um exemplo do trabalho conjunto entre indústria e ciência.

Tanto o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, como a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, têm apelado à aproximação entre empresas e investigação científica de modo a que o conhecimento obtido seja aplicado na indústria e contribua para a competitividade portuguesa.

Várias unidades agrícolas, principalmente hortícolas, utilizam a chamada plasticultura, ou seja, a utilização de plásticos convencionais, de polietileno, para proteger as sementeiras de culturas como o melão, a meloa, os pimentos ou os morangos, aumentar a produtividade e antecipar a data da colheita, conseguindo exportar mais cedo.

“É possível aumentar as produtividades pois evita as ervas daninhas, por exemplo, por a planta estar num ambiente mais controlado, sempre com o grande objectivo da maior produção e de não comprometer a qualidade”, explicou Elisabete Duarte.

No entanto, a especialista realça que esta solução [uso de plásticos] tem um problema ambiental, uma vez que “está a ser feita com plásticos convencionais”, cuja degradação “é muito lenta”.

Elisabete Duarte salientou que, quando acaba a cultura e os plásticos são retirados, “o destino normalmente são os aterros”. “Mas há práticas incorrectas e chegavam a queimá-los e a enterrá-los no solo” o que dá origem a “poluição complicada