Krugman defende que aumento da inflação na Alemanha beneficiaria Portugal

Prémio Nobel da Economia defende política expansionista do BCE.

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Foto: Miguel Manso

A discussão foi iniciada por Tyler Cowen, economista americano e co-autor do blog de economia Marginal Revolution. Cowen defendeu inicialmente que o aumento da moeda em circulação na União Europeia seria alvo do que ele apelida de uma “fuga”. Isto é, em vez de o dinheiro ficar em Portugal para ser investido em empresas nacionais, o dinheiro acabaria na Alemanha, porque os bancos alemães são mais seguros. Este fenómeno, argumenta Cowen, levaria a um aumento da inflação na Alemanha sem que isto surtisse grande efeito na periferia, pois “a Alemanha e Portugal não estão directamente a competir em muitos mercados de exportação”. Segundo Cowen, o aumento dos salários alemães teria então um efeito somente marginal na competitividade portuguesa.

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A discussão foi iniciada por Tyler Cowen, economista americano e co-autor do blog de economia Marginal Revolution. Cowen defendeu inicialmente que o aumento da moeda em circulação na União Europeia seria alvo do que ele apelida de uma “fuga”. Isto é, em vez de o dinheiro ficar em Portugal para ser investido em empresas nacionais, o dinheiro acabaria na Alemanha, porque os bancos alemães são mais seguros. Este fenómeno, argumenta Cowen, levaria a um aumento da inflação na Alemanha sem que isto surtisse grande efeito na periferia, pois “a Alemanha e Portugal não estão directamente a competir em muitos mercados de exportação”. Segundo Cowen, o aumento dos salários alemães teria então um efeito somente marginal na competitividade portuguesa.

Krugman escreve que a inflação alemã é uma consequência fulcral da política expansionista e não um inconveniente. O vencedor do prémio Nobel da Economia acrescenta que um aumento dos salários alemães ajudaria a resolver o problema da competitividade dos salários portugueses. Neste momento, salienta o economista, os salários portugueses estão demasiado altos relativamente aos alemães.

“Suponham que eu pudesse agitar uma varinha mágica e de repente aumentar os salários alemães em 20%. O que é que acham que iria acontece ao valor do euro contra o dólar e outras moedas? Cairia muito, não? E as exportações portuguesas tornar-se-iam mais competitivas em todo o lado, incluindo destinos não alemães e extra-europeus”, diz Krugman.

“Eu achava que isto era óbvio. Pelos vistos, não” conclui.

Tyler Cowen acaba por fazer uma comparação que é depois refutada tanto por Krugman como por Ryan Avent, economista do Economist: “Imaginem se disséssemos aos americanos que tinham de suportar inflação para resolver problemas de procura agregada no Equador e El Salvador”.

Avent responde dizendo que as situações não poderiam ser mais diferentes e que o compromisso dentro da União Europeia – até porque Portugal e Alemanha partilham a mesma moeda – é incomparável ao do compromisso entre os Estados Unidos e El Salvador.

O economista acrescenta: “Mas se os americanos pudessem aliviar o sofrimento no Equador e em El Salvador, simplesmente ao tolerar um bocado de inflação durante alguns anos, e escolhessem não o fazer, isso seria um erro moral significativo por parte dos EUA.”