Bisneta de Wagner quer disponibilizar documentos sobre a relação da família com Hitler

Katharina Wagner, actual co-directora do Festival de Bayreuth, está a equacionar a doação ao Estado da Baviera de documentos herdados do seu pai, Wolfgang, relativos à história do festival.

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Winifred Wagner com Hitler, em Bayreuth DR

Mas Katharina Wagner ressalva que a completa disponibilização dos arquivos do Festival de Bayreuth, até agora mantidos fechados, deverá passar pelo acordo dos quatro ramos da família. Por isso, alerta, “é difícil fazer com que esta correspondência muito dispersa fique desde logo acessível ao público”. E deu a entender que só com o consentimento de todos os herdeiros é que essa doação poderá ser feita.

Katharina Wagner, de 34 anos, partilha com a sua meia-irmã, Eva Wagner-Pasquier, de 68 , a direcção artística de Bayreuth, o festival fundado pelo próprio Richard Wagner em 1876 para a execução da sua obra.

Adolph Hitler sempre nutriu uma admiração muito especial por Wagner: pela música, pela pessoa e pelo seu declarado anti-semitismo. E sabe-se que o ditador foi um frequentador assíduo do Festival de Bayreuth até ao início da Segunda Guerra Mundial, tendo relações muito próximas com o filho de Wagner, Siegfried, a sua mulher Winifred, e os netos Wolfgang e Wieland – que chamavam afectosamente a Hitler “Tio Wolf”.

Depois da morte de Siegfred Wagner, em 1930, e até ao final da guerra, em 1945, o festival foi dirigido pela viúva, Winifred, a quem depois sucedeu Wolfgang Wagner.

A passagem, este ano (no dia 22 de Maio), do bicentenário do nascimento do compositor de O Anel dos Nibelungos tem vindo a ser pretexto, não apenas para a revisitação da obra de Wagner (ver PÚBLICO deste domingo), mas também do modo como a sua figura, a sua obra e a sua herança (Festival de Bayreuth incluído) foram usadas por Hitler e pelo regime nazi, nomeadamente na perseguição aos judeus.

Essa herança de Wagner é, de resto, o tema do livro que acaba de ser lançado pelo historiador Sven Oliver Müller, Richard Wagner e os Alemães. Uma História de Ódio e Fervor (Richard Wagner und die Deutschen. Eine Geschichte von Hass und Hingabe), e divulgado este domingo no jornal espanhol El Mundo.

“Wagner, ou se adora, ou se detesta, tanto pela música como pela própria pessoa”, escreve o autor, que aborda na sua obra as várias facetas do compositor, que classifica como “um ser monstruoso”. Müller cita o caso particular do seu anti-semitismo defendido num ensaio publicado em 1850, O Judaísmo na Música, e depois actualizado e reafirmado numa segunda versão do texto, em 1869. Mas Müller explica também que “o que é relevante em Wagner não é o que fez em vida, mas como ele influenciou, e continua a influenciar, a Alemanha e os alemães, que a cada duas décadas mudam a sua perspectiva sobre ele e a sua música, actualizando sempre a sua interpretação do génio”.

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Mas Katharina Wagner ressalva que a completa disponibilização dos arquivos do Festival de Bayreuth, até agora mantidos fechados, deverá passar pelo acordo dos quatro ramos da família. Por isso, alerta, “é difícil fazer com que esta correspondência muito dispersa fique desde logo acessível ao público”. E deu a entender que só com o consentimento de todos os herdeiros é que essa doação poderá ser feita.

Katharina Wagner, de 34 anos, partilha com a sua meia-irmã, Eva Wagner-Pasquier, de 68 , a direcção artística de Bayreuth, o festival fundado pelo próprio Richard Wagner em 1876 para a execução da sua obra.

Adolph Hitler sempre nutriu uma admiração muito especial por Wagner: pela música, pela pessoa e pelo seu declarado anti-semitismo. E sabe-se que o ditador foi um frequentador assíduo do Festival de Bayreuth até ao início da Segunda Guerra Mundial, tendo relações muito próximas com o filho de Wagner, Siegfried, a sua mulher Winifred, e os netos Wolfgang e Wieland – que chamavam afectosamente a Hitler “Tio Wolf”.

Depois da morte de Siegfred Wagner, em 1930, e até ao final da guerra, em 1945, o festival foi dirigido pela viúva, Winifred, a quem depois sucedeu Wolfgang Wagner.

A passagem, este ano (no dia 22 de Maio), do bicentenário do nascimento do compositor de O Anel dos Nibelungos tem vindo a ser pretexto, não apenas para a revisitação da obra de Wagner (ver PÚBLICO deste domingo), mas também do modo como a sua figura, a sua obra e a sua herança (Festival de Bayreuth incluído) foram usadas por Hitler e pelo regime nazi, nomeadamente na perseguição aos judeus.

Essa herança de Wagner é, de resto, o tema do livro que acaba de ser lançado pelo historiador Sven Oliver Müller, Richard Wagner e os Alemães. Uma História de Ódio e Fervor (Richard Wagner und die Deutschen. Eine Geschichte von Hass und Hingabe), e divulgado este domingo no jornal espanhol El Mundo.

“Wagner, ou se adora, ou se detesta, tanto pela música como pela própria pessoa”, escreve o autor, que aborda na sua obra as várias facetas do compositor, que classifica como “um ser monstruoso”. Müller cita o caso particular do seu anti-semitismo defendido num ensaio publicado em 1850, O Judaísmo na Música, e depois actualizado e reafirmado numa segunda versão do texto, em 1869. Mas Müller explica também que “o que é relevante em Wagner não é o que fez em vida, mas como ele influenciou, e continua a influenciar, a Alemanha e os alemães, que a cada duas décadas mudam a sua perspectiva sobre ele e a sua música, actualizando sempre a sua interpretação do génio”.