Recém-eleito patriaca "é uma escolha que nos agrada a todos", diz D. José Policarpo

De saída do cargo de cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo afirma que o importante é a manutenção da Igreja. No entanto, mostra-se satisfeito com a nomeação de D. Manuel Clemente para seu sucessor.

Fotogaleria

Pouco depois de formalmente anunciada a nomeação do actual bispo do Porto, D. Manuel Clemente, ao cargo de patriarca de Lisboa, D. José Policarpo celebrou a última missa de bênção das pastas enquanto representante do patriarcado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pouco depois de formalmente anunciada a nomeação do actual bispo do Porto, D. Manuel Clemente, ao cargo de patriarca de Lisboa, D. José Policarpo celebrou a última missa de bênção das pastas enquanto representante do patriarcado.

Foi já depois da celebração que D. José Policarpo, que diz já ter conversado com D. Manuel Clemente sobre a sucessão, falou do fim do seu mandato. “O importante é a manutenção do ministério apostólico e, nesse sentido, a saída de uma pessoa e a entrada de outra é um pormenor”, sublinhou o cardeal-patriarca. "Quanto ao sr. Dom Manuel Clemente: seja bem-vindo. Ele regressa a casa, não é um desconhecido de ninguém", completou.

Com entrada no patriarcado marcada para 7 de Julho, a designação do recém-nomeado patriarca, escolhido pelo Papa Francisco, é bem vista por D. José Policarpo, que garante ter sido uma escolha acertada. "Havia outras escolhas certas possíveis, mas é uma escolha que nos agrada a todos", reitera.

Sobre a sua saída, o cardeal de Lisboa afirma ser um acontecimento, “uma coisa normal na vida da Igreja”, sendo que o cargo não é vitalício e que “é mais importante que a pessoa esteja capaz de exercer”, referindo a “coragem e ousadia” da renúncia de Bento XVI. Anunciou também que irá deixar o cargo de presidente da Conferência Episcopal no fim do mandato, ao qual se seguem eleições. Conclui: “Pessoalmente, já começo a ter saudades. Vou servir de outra maneira e terei à disposição uma nova forma de servir a Igreja.”

O cardeal deixou ainda uma mensagem à classe política: “Sirvam e façam o melhor que podem, dentro dos valores da nossa cultura.” Relativamente à aprovação da lei da co-adopção por casais homossexuais e outros assuntos controversos, D. José Policarpo não quis fazer comentários, dizendo apenas não ser o momento e que estes são temas demasiado “complicados” para responder.

Para alunos, cardeal deixa saudades mas mudança é atempada
Dos alunos que festejaram na Praça do Comércio, na celebração da bênção das pastas, o final de uma etapa, muitos desconhecem a mudança que vai haver no patriarcado de Lisboa, sobretudo os mais novos.

Carla Correia, 21 anos, estudante de Administração Pública, é das poucas que estão a par da sucessão e diz ficar triste com a saída do patriarca José Policarpo. “É sempre um orgulho ter um cardeal que é reconhecido no mundo inteiro”, defende a estudante. Sobre o sucessor, Carla diz não conhecer o trabalho por ele realizado.

Já o finalista do curso de Engenharia Multimédia, Arlindo Oliveira, 55 anos, pensa que Manuel Clemente “tem feito algo e já mostrou que será um grande substituto”. Deseja que o novo patriarca continue o trabalho do anterior, uma pessoa que foi uma “mais-valia” enquanto representante de Portugal. “Fez um bom trabalho, teve uma boa presença e deixa saudades”, conclui Arlindo.

Há também quem acredite que esta mudança "está no seu tempo". É o caso de Maria Dimas, 60 anos, estudante finalista do curso de Ciências Religiosas, que esteve presente na cerimónia. Apesar de louvar os feitos e trabalho de D. José Policarpo, reitera que o novo patriarca é, neste momento, a “pessoa necessária para a Igreja Católica”, acrescentando que “razão e a fé estão de braço dado”.

Hoje, estudantes universitários, família e amigos festejaram a conclusão do curso superior, numa cerimónia que acabou por ser a última homília da bênção das pastas a que José Policarpo presidiu.