Basílio Horta pede "esperança" num futuro Governo PS
Intervenção do ex-ministro e ex-dirigente do CDS gera protestos no Parlamento.
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“Não temos ilusões que o actual Governo, que tanto fala em consenso, venha a considerar as propostas [alternativas] do PS, apostado que está numa política que apenas conjuga os verbos cortar e despedir. Tenhamos esperança num novo Governo escolhido pelos portugueses”, declarou Basílio Horta no período de declarações políticas do plenário da Assembleia da República.
A intervenção de Basílio Horta foi muito aplaudida pela bancada socialista, mas motivou protestos entre os deputados do PSD e do CDS.
O deputado do CDS-PP Hélder Amaral fez mesmo uma advertência ao fundador do seu partido e actual deputado independente do PS.
“Hoje é dia par, parece que o CDS está solidário com o Governo. Ontem [quarta-feira] foi dia ímpar e vários dirigentes do CDS ameaçaram romper com este Governo, que está em completa desagregação”, sustentou Ana Drago.
Basílio Horta, na sua intervenção de fundo, criticou o progressivo aumento do défice e da dívida pública, lamentou o recente “aumento marginal” das exportações e avisou que o investimento directo estrangeiro “não tem parado de descer”.
“O dr. Carlos Amorim [vice-presidente da bancada do PSD] disse que a política do ministro das Finanças [Vítor Gaspar] estava esgotada. Em nosso entender e no de muitos membros da coligação, é todo o Governo que está esgotado e a prosseguir uma política que destrói a economia e o emprego, pondo gravemente em causa a coesão nacional”, disse.
Entre as propostas que defendeu na sua intervenção, Basílio Horta exigiu o fim imediato da “austeridade cega”, o que pouco depois motivou uma dura resposta por parte do vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD Luís Menezes.
“Acabar com a austeridade, mas que raio de proposta é essa da parte do PS”, exclamou Luís Menezes, considerando que os socialistas esperam mais do maior partido da oposição.
Luís Menezes contrapôs também que o aumento da dívida pública é em parte resultado direto do empréstimo de 78 mil milhões de euros contraído pelo Estado português no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira e acusou o PS de demagogia “ao vender facilidades” aos portugueses.
“O PS está num beco sem saída, porque o Governo está coeso. O PS, por isso, vai passar dois anos a pedir eleições. Estou para ver como o PS aguenta esse barco”, declarou Luís Menezes.
Pela parte do PCP, João Ramos desafiou o PS a romper com o memorando da troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) e a bater-se pela renegociação da dívida, enquanto a dirigente do Bloco de Esquerda Ana Drago questionou Basílio Horta sobre se os representantes do PS no Conselho de Estado vão defender o derrube do actual Governo e a convocação de eleições antecipadas.
Basílio Horta alegou não ter mandato para falar por António José Seguro, mas referiu que o secretário-geral do PS “é coerente” do ponto de vista político e que o PS apresentou uma moção de censura ao Governo.