Blues em Amesterdão
Pela segunda vez em poucos dias, o Benfica perdeu um jogo nos instantes finais. Desta vez, custou a final da Liga Europa para o Chelsea, a sétima derrota “encarnada” num jogo decisivo em provas europeias.
Está a ser cada vez mais um pesadelo esta época que se julgava de sonho para os “encarnados”. Comprometido o campeonato e perdida a Liga Europa, a Taça de Portugal passa a ser o objectivo mais realista de ser conquistado pelo Benfica de Jorge Jesus, que falhou na primeira final europeia da sua carreira. Com esta derrota, o Benfica falha, nesta sua nona final, um regresso aos títulos europeus, mantendo apenas no seu currículo as duas Taças do Campeões em 1961 e 1962.
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Está a ser cada vez mais um pesadelo esta época que se julgava de sonho para os “encarnados”. Comprometido o campeonato e perdida a Liga Europa, a Taça de Portugal passa a ser o objectivo mais realista de ser conquistado pelo Benfica de Jorge Jesus, que falhou na primeira final europeia da sua carreira. Com esta derrota, o Benfica falha, nesta sua nona final, um regresso aos títulos europeus, mantendo apenas no seu currículo as duas Taças do Campeões em 1961 e 1962.
Durante a época, o Benfica tinha mostrado dois planos de ataque, um com dois pontas-de-lança, para adversários mais defensivos, outro com apenas um, como aconteceu, por exemplo, frente ao FC Porto. Como iria Jesus julgar o Chelsea? Como um poderoso que merecia respeito e reverência, ou como uma equipa acessível que cairia aos primeiros sinais de pressão? O técnico do Benfica “desconsiderou” o Chelsea e jogou com o seu esquema mais habitual, dois homens na frente. Nada de especialmente surpreendente. Inesperado mesmo foi a dupla que Jesus escolheu, Rodrigo era quem fazia companhia a Cardozo, e não Lima, ambos com o apoio dos habituais Salvio e Gaitán.
Não era a artilharia mais pesada, mas já era muita carne no assador. Rafa Benítez, por seu lado, pareceu respeitar mais o Benfica, com a colocação de David Luiz no meio-campo, para aproveitar a sua rapidez e balanceamento ofensivo, contrabalançado com a menor mobilidade de Frank Lampard. Mais à frente, um trio formado por Ramires, Óscar e Mata davam a assistência directa a Fernando Torres.
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Mas Jesus pensou bem. Este Chelsea não merecia mesmo muito respeito. Longe de justificar o estatuto de campeão europeu e de equipa de “estrelas” alimentadas a milhões, os blues de Londres mostraram ser uma equipa confusa, sem grande capacidade de pressão ou criatividade. Pelo contrário, o Benfica, que até fora apresentado neste filme como uma personagem secundária, foi grande, como uma equipa deve ser numa grande final. Controladora, pressionante, a entrar para ganhar – e, no caso do Benfica, quanto mais depressa melhor porque as partes finais dos últimos jogos têm sido penosas para os “encarnados”.
O que faltava ao Benfica era mesmo algum acerto na hora do remate. Havia domínio territorial, havia jogadas de perigo, os jogadores apareciam em posição de remate na área dos britânicos, mas havia sempre qualquer coisa que corria mal. Uma escorregadela, um toque a mais, um remate disparatado que devia ter sido um passe de morte, um adversário que se colocava no caminho... Mas muitas vezes era mesmo só cerimónia.
Momento exemplar, logo aos dez minutos: Gaitán faz a jogada, Cardozo e Salvio falham o remate na área. Dois minutos depois, é a vez de Gaitán rematar por cima, após ninguém ter querido apontar à baliza de Cech. Era uma sucessão de más decisões no momento decisivo, mas era também uma prova que o Benfica estava a chegar lá, só precisava de um pouco mais de calma, como tinha tido em quase toda a época, e um pouco menos de nervosismo, como tem tido nos últimos tempos. Matic e Enzo eram gigantes no meio-campo, Salvio e Gaitán era perigosos nos flancos, só Rodrigo e Melgarejo pareciam destoar dos outros.
Mas isto de o Chelsea estar mal não quer dizer nada. E tem uma Liga dos Campeões para o provar – Bayern Munique e Barcelona que o digam. Primeiro sinal de inquietação para o lado “encarnado”, Frank Lampard, o veterano do meio-campo, arranca, aos 38’, um remate que leva a bola a cumprir uma trajectória que Artur tem de esticar o braço para um lado quando já estava a voar para o outro.
Os “encarnados” regressaram para a segunda parte com o mesmo espírito. Aos 50’, Cardozo fez os mais de 15 mil benfiquistas presentes no Arena gritarem golo. Mas o paraguaio estava ligeiramente adiantado no momento do passe de Gaitán e o golo não valeu. O domínio “encarnado” continuou, mas foi menos intenso. Salvio teve o golo na cabeça, aos 59’, mas Cech esticou-se bem. E fez a diferença logo no momento seguinte. O checo lança a bola para Mata, o espanhol ultrapassa Garay, mete em Fernando Torres, que ultrapassa Luisão e Artur e faz o golo.
A maldição do minuto 92’
Tantas vezes criticado por nunca conseguir render no Chelsea o que rendia no Liverpool, “El Niño” é um avançado de grande classe, não precisa de estar muito em jogo para jogar bem e foi excelente a forma como conseguiu ludibriar a dupla benfiquista para fazer o marcador funcionar injustamente para a sua equipa. Jesus não demorou muito a mexer, tirando Melgarejo e Rodrigo para fazer entrar Ola John e Lima. A sorte acompanhou o treinador benfiquista, porque o golo apareceu pouco depois. Azpilicueta joga a bola com o braço. Penálti assinalado e o suspeito do costume para marcar. Cardozo não falhou.
Com o penálti, o Benfica encontrou um suplemento de energia para enfrentar os últimos 20’ e o paraguaio esteve muito perto de marcar o 2-1, com um remate de longe que Cech defendeu com dificuldade. Lampard volta a aparecer no jogo aos 88’ e envia uma bola à trave. O jogo parecia estar condenado a um prolongamento e nos 30 minutos extra o Chelsea parecia levar vantagem porque Benítez não tinha feito qualquer substituição e o Benfica já tinha feito as três – Jardel tinha entretanto entrado para o lugar do lesionado Garay
Já se ia para lá do minuto 92, quando Juan Mata cobra um canto do lado direito. Ivanovic eleva-se na pequena área entre Jardel e André Almeida e consegue enviar a bola para o sítio menos desejado para os benfiquistas, o lado de dentro da baliza de Artur. Restavam poucos segundos para a reacção, mas ela aconteceu e o empate não aconteceu por pouco. Ivanovic deixa passar Cardozo, mas depois aparece Cahill a fazer o corte. E o jogo acabou pouco depois. Blue is the colour, o hino dos blues, foi a música que mais se ouviu.