Protestos de trabalhadores encerram centenas de fábricas no Bangladesh
Fecho por tempo indeterminado por razões de segurança.
Com a derrocada do edifício no passado dia 24 de Abril, as questões de segurança no trabalho ganharam força no Bangladesh. Pessoas que trabalhavam no Rana Plaza tinham alertado dias antes da tragédia para o estado do imóvel e, nas últimas semanas, aumenta o número de denúncias de estruturas sem segurança onde funcionam, por vezes, várias fábricas em simultâneo. No caso do Rana Plaza, as falhas na construção do prédio terão sido agravadas com as vibrações de geradores activados depois de um corte de energia.
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Com a derrocada do edifício no passado dia 24 de Abril, as questões de segurança no trabalho ganharam força no Bangladesh. Pessoas que trabalhavam no Rana Plaza tinham alertado dias antes da tragédia para o estado do imóvel e, nas últimas semanas, aumenta o número de denúncias de estruturas sem segurança onde funcionam, por vezes, várias fábricas em simultâneo. No caso do Rana Plaza, as falhas na construção do prédio terão sido agravadas com as vibrações de geradores activados depois de um corte de energia.
Estima-se que mais de 3600 pessoas trabalhavam no edifício de nove andares, de cujos escombros foram resgatadas com vida perto de 2500. Segundo o último número das autoridades do país, 1127 pessoas morreram. As equipas de socorro vão dar por terminadas as operações de busca nas próximas horas. Acreditam que, apesar de ter sido encontrada uma sobrevivente duas semanas após a derrocada, as hipóteses de isso voltar a acontecer são mínimas.
“Os proprietários decidiram encerrar as suas fábricas por questões de segurança, depois de trabalhadores terem estado em tumulto quase todos os dias desde o colapso do Rana Plaza”, disse à agência Reuters o presidente da associação dos exportadores e fabricantes têxteis do Bangladesh, Mohammad Atiqul Islam. À AFP, o vice-presidente da associação, Shahidullah Azim, acrescentou que todas as fábricas da zona industrial de Ashulia, a cerca de 30 quilómetros de Daca, vão encerrar portas.
É nesta zona que funcionam empresas associadas a marcas europeias como a H&M ou a Inditex, a que pertence a Zara. O mesmo responsável indica que é nessa zona que estão concentradas algumas das fábricas mais importantes do país, que tem actualmente 4500 unidades fabris.
Sector fundamental
O Bangladesh é o país do mundo com os custos de produção mais baixos na indústria têxtil, o que leva empresas de todo o mundo, incluindo a China, a mudar parte da produção para aquele país, de acordo com a organização não-governamental de defesa dos direitos dos trabalhadores têxteis Clean Clothes Campaign (Campanha Roupas Limpas). O sector é fundamental para a economia do país, uma vez que representa 78% das exportações e dá trabalho a quatro milhões de pessoas.
Segundo a associação dos exportadores e fabricantes têxteis do Bangladesh, as fábricas não têm operado regularmente nas últimas duas semanas. O responsável da polícia de Ashulia, Badrul Alam, avançou que nesta segunda-feira 80% das fábricas estiveram paradas devido aos protestos de trabalhadores. Exigem melhores condições de trabalho e salariais, e ainda a execução do proprietário do Rana Plaza, que se contra detido.
O Governo respondeu esta manhã ao pedido de melhoria das condições laborais com o anúncio do aumento do salário mínimo dos trabalhadores da indústria têxtil. Estes têm o salário mais baixo do mundo: 38 dólares mensais (cerca de 29 euros).
Esta segunda-feira, a H&M juntou-se a outras empresas na assinatura de um acordo de segurança das estruturas onde funcionam fábricas que trabalham para marcas europeias. A Inditex, a PVH, que inclui as norte-americanas Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e o retalhista alemão Tchibo já assinaram o documento.