Papa canoniza 800 mártires e três santos

Antonio Primaldo, Madre Laura e Madre Lupita sobem aos altares da Igreja Católica.

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As escolhas ainda não são de Francisco mas do seu antecessor. No mesmo dia em que Bento XVI anunciou que iria renunciar ao cargo, um pouco antes, divulgou os nomes e a data da canonização.

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As escolhas ainda não são de Francisco mas do seu antecessor. No mesmo dia em que Bento XVI anunciou que iria renunciar ao cargo, um pouco antes, divulgou os nomes e a data da canonização.

Francisco pediu, durante a cerimónia deste domingo, aos "numerosos cristãos" perseguidos no mundo a coragem para "responder ao mal com o bem".

Antonio Primaldo era um humilde sapateiro, originário de Otranto, no sul de Itália. Com 800 companheiros, no ano 1480 em Otranto, foi decapitado pelas tropas turcas, sob a ordem do comandante Gelik Achmet Pascia, por ter recusado converter-se ao Islão. Anunciada ainda pelo Papa João Paulo II, esta canonização poderá não ser muito bem vista pela mundo muçulmano, com o qual Francisco pretende manter boas relações.

O epísódio aconteceu a 13 de Agosto de 1480 quando o comandante turco ordenou que todos os homens com mais de 15 anos fossem conduzidos à sua presença. Então pediu-lhes para renunciarem à sua religião. Antonio Primaldo tomou a palavra e disse: "Consideramos Jesus Cristo o nosso Senhor e o verdadeiro Deus. Preferimos mil vezes morrer a renunciá-Lo e tornarmo-nos turcos". O comandante fez-lhe a vontade e todos foram decapitados. Em Junho de 1481, os corpos foram descobertos e sepultados na igreja local.

Desde 1485 que em Otranto se celebra em memória daqueles mártires e em 1539, o bispo local instruiu, pela primeira vez, um processo para recolher testemunhos sobre aquele episódio. Em 1771, o Papa Clemente XIV assinou um decreto reconhecendo a beatificação dos mártires. João Paulo II, o Papa que mais canonizações fez na história da Igreja Católica, fez uma peregrinação a Otranto pelo quinto centenário da morte dos mártires, em 1980.

Em 2011, a cura de uma religiosa que tinha um cancro em fase terminal foi o passo decisivo para o reconhecimento pela Congregação da Causa dos Santos; e Bento XVI, um ano depois, confirmava essa decisão. Foi a 11 de Fevereiro passado, que o Papa anunciou a cerimónia de canonização de Antonio Primaldo e dos seus companheiros para este domingo. O anúncio foi feito um pouco antes de o Papa informar que iria renunciar.

Madre Laura e Madre Lupita
"Enquanto nós veneramos os mártires de Otranto, peçamos a Deus para suportar os muitos cristãos que ainda sofrem violências e que lhes dê a coragem da fidelidade de responder ao mal com o bem", pediu o Papa perante dezenas de milhares de devotos de todo o mundo.

Francisco exortou ainda os missionários cristãos a irem evangelizar "nos lugares mais remotos", mas sempre “respeitando a cultura" local, sem "se oporem a ela”, à semelhança de Laura de Santa Caterina de Siena Montoya e Upeguila, a missionária colombiana hoje canonizada.

Laura de Santa Caterina de Siena Montoya é a primeira santa colombiana. Conhecida como Madre Laura foi beatificada em 2004. Nascida em 1874 e morta em 1949, esta "advogada" dos povos indígenas fundou em 1914 a congregação das Missionárias de Maria Imaculada e Santa Catarina de Sienna, conhecidas como "missionárias lauritas". Esta congregação está presente, com mais de mil elementos, em 21 países da América Latina, África e Europa.

O papa jesuíta salientou que Madre Laura foi "um instrumento de evangelização, primeiro como professora, depois como mãe espiritual dos nativos”. Ela “levou-lhes esperança, acolhendo-os com o amor que aprende de Deus e trouxe-os até Ele com uma eficácia pedagógica que respeitava as respectivas culturas e sem se opor a ela”, acrescentou.

A mexicana Maria Guadalupe Garcia Zavala ou Madre Lupita, nasceu em 1878 e morreu em 1963, atravessando os anos da revolução anti-clerical mexicana. Com o padre Cipriano Iniguez, fundou a congregação das Servas de Santa Margarida-Maria e dos Pobres, dedicada aos doentes nos hospitais. Considerada santa após a morte, "Madre Lupita" também foi beatificada em 2004.

Em dois meses de pontificado, Francisco insistiu, como os antecessores, na preservação da tradição católica, da qual faz parte a veneração dos santos. Sublinhou também a importância da piedade popular, numa preocupação de estar próximo da fé das pessoas simples.

Muito esperada é a possível canonização de João Paulo II. Algumas fontes afirmaram já que poderá acontecer a partir do outono, para assinalar o fim do "Ano da Fé". Bento XVI já tinha acelerado o processo de beatificação do papa polaco.

Em 27 anos de pontificado, João Paulo II canonizou 482 pessoas. Bento XVI canonizou 44 novos santos em oito anos de pontificado.