Portugal tem a democracia "basicamente suspensa", diz Boaventura de Sousa Santos
Numa conferência promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas, personalidades de esquerda e sindicalistas discutiram o Estado social português. Os mais recentes cortes sociais anunciados pelo Governo foram alvo de várias críticas.
Durante a conferência “Vencer a crise com o Estado social e com a Democracia”, promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas, no Fórum Lisboa, Boaventura considerou que o actual Governo entrou num momento de “brutalismo político”. Referindo-se aos cortes nos salários e nas pensões, sustentou que “mesmo que as práticas sejam brutais, é preciso que haja algum discurso que disfarce” e acrescentou que “os dirigentes políticos já perderam o verniz”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Durante a conferência “Vencer a crise com o Estado social e com a Democracia”, promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas, no Fórum Lisboa, Boaventura considerou que o actual Governo entrou num momento de “brutalismo político”. Referindo-se aos cortes nos salários e nas pensões, sustentou que “mesmo que as práticas sejam brutais, é preciso que haja algum discurso que disfarce” e acrescentou que “os dirigentes políticos já perderam o verniz”.
O professor catedrático jubilado afirmou ainda que “os partidos da área da governação só sabem pensar em alternância e não em alternativa”, concluindo que a sociedade portuguesa é, neste momento, “politicamente democrática mas socialmente fascista”.
Uma opinião partilhada pelo ex-dirigente da CGTP Manuel Carvalho da Silva, que teceu fortes críticas às políticas do Governo PSD/CDS-PP. “A demissão do Governo não seria nenhuma crise política, uma crise política é este Governo e a sua continuação”, afirmou, acrescentando que os governantes portugueses “se comportam como pequenos ditadores”.
Carvalho da Silva, que é um dos promotores do Congresso Democrático das Alternativas, acusou Paulo Portas de “fazer uma encenação” quando se mostrou contra a criação de mais uma taxa sobre as pensões, anunciada por Passos Coelho. Na sessão plenária da conferência, censurou também “destacadas figuras” do Partido Socialista por “credibilizarem a política de Portas” e reforçou a crítica ao Presidente da República por “dar cobertura a um Governo que já não tem legitimidade de facto”.
O Congresso Democrático das Alternativas lançou o mote de “vencer a crise com o Estado social e com a Democracia”, através de um debate que tem como objectivo discutir alternativas para sustentar o Estado social português. Participaram personalidades da esquerda , nomeadamente deputados do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista e sindicalistas de diversas áreas, entre outros.