Cientista português descobre marcador de cancros cerebrais

Trabalho permitirá melhorar o diagnóstico do grau de malignidade dos tumores e ajustar as terapias a cada caso.

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O investigador Pedro Castelo-Branco DR

O gene hTERT comanda a produção de uma proteína responsável pela imortalização das células tumorais. Ou seja, torna-as cancerosas, já que estas células são imortais, dividindo-se continuamente, enquanto das normais se destroem ao fim de umas quantas divisões. Quando a sua actividade está alterada, o gene não se inactiva, como aconteceria em situação normal: “O gene mantém-se sempre activo para favorecer a divisão e, consequentemente, a imortalização das células tumorais”, explica ao PÚBLICO Pedro Castelo-Branco, 39 anos, que é investigador do Centro de Investigação de Tumores Cerebrais do hospital pediátrico de Toronto e se doutorou em biologia molecular na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

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O gene hTERT comanda a produção de uma proteína responsável pela imortalização das células tumorais. Ou seja, torna-as cancerosas, já que estas células são imortais, dividindo-se continuamente, enquanto das normais se destroem ao fim de umas quantas divisões. Quando a sua actividade está alterada, o gene não se inactiva, como aconteceria em situação normal: “O gene mantém-se sempre activo para favorecer a divisão e, consequentemente, a imortalização das células tumorais”, explica ao PÚBLICO Pedro Castelo-Branco, 39 anos, que é investigador do Centro de Investigação de Tumores Cerebrais do hospital pediátrico de Toronto e se doutorou em biologia molecular na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

O biomarcador agora descoberto, na sequência do estudo de 350 crianças com vários tipos de cancros cerebrais, terá implicações clínicas, ao permitir melhorar a determinação do grau de malignidade dos tumores. Dessa forma, poder-se-á separar doentes de baixo e alto risco quanto ao prognóstico, assim, conceber terapias específicas para cada caso. “Os doentes de alto risco poderão ter terapias mais agressivas, enquanto os de baixo risco poderão ver as suas terapias diminuídas, reduzindo assim efeitos secundários”, refere o investigador, citado em comunicado.

Além dos cancros do cérebro nas crianças, a equipa pensa que este biomarcador também está presente em cancros de adultos, nomeadamente da próstata, como sugerem alguns resultados preliminares. Para avaliar o potencial deste marcador no cancro da próstata, foi criado um consórcio internacional de instituições da Alemanha, Áustria, Canada e Portugal – neste último caso, participa o Serviço de Urologia e Transplante Renal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. “Já temos cerca de 400 amostras”, conta o investigador.