Taliban anunciam vaga de atentados para o dia das eleições no Paquistão

Filho do ex-primeiro-ministro do PPP Gilani raptado no Punjab. Extremistas não aceitam "sistema de infiéis a que chamam democracia".

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A campanha de Khan faz-se agora junto a altares Mani Rana/Reuters

De acordo com uma testemunha ouvida pela Geo News e citada pela Reuters, Ali Haidar Gidani, filho de Raza Gilani, participava num pequeno comício na cidade de Multan, no Punjab, quando parou um carro e dele saíram homens a disparar. O secretário e o guarda-costas de Haidar morreram e este foi arrastado para dentro do veículo, enquanto os homens continuavam a disparar; cinco pessoas ficaram feridas.

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De acordo com uma testemunha ouvida pela Geo News e citada pela Reuters, Ali Haidar Gidani, filho de Raza Gilani, participava num pequeno comício na cidade de Multan, no Punjab, quando parou um carro e dele saíram homens a disparar. O secretário e o guarda-costas de Haidar morreram e este foi arrastado para dentro do veículo, enquanto os homens continuavam a disparar; cinco pessoas ficaram feridas.

As imagens da televisão paquistanesa mostram outro filho do ex-primeiro-ministro, Ali Moosa Gilani, a chorar e a tentar controlar alguns membros descontrolados do Partido do Povo do Paquistão, a que a sua família pertence.

O grupo extremista islâmico Tehrik-e-Taliban é o grande suspeito por este rapto e também pelos atentados contra os partidos seculares paquistaneses e contra uma formação islamista na província de Punjab, a que tem maior densidade populacional no Paquistão.

A violência obrigou os partidos a retrairem-se, cancelando os grandes comícios e optando por pequenos encontros com os eleitores, como aquele em que os irmãos Gilani participavam.

Ainda não se sabe qual foi o objectivo do rapto e se haverá condições para a libertação de Gilani.
 
À medida que o dia de sábado se aproxima, mais intensos têm sido os ataques dos extremistas que anunciaram uma grande campanha de atentados suicidas para o dia das eleições – aameaça foi feita no início do mês, mas só esta quinta-feira chegou às mãos da agência Reuters. 
 
Numa carta datada de dia 1 de Maio e enviada ao seu porta-voz, o líder taliban paquistanês Hakimullah Mehsud diz que haverá atentados nas quatro província que compõem o Paquistão e explica porquê: "Não aceitamos o sistema de infiéis a que chamam democracia".
 
A campanha de Sharif e Khan
Foi no dia 11 de Abril que os taliban começaram a campanha de terror que matou mais de cem pessoas, 17 delas candidatos. De atentado em atentado, conseguiram quase anular a campanha eleitoral, que ficou reduzida a dois partidos, os únicos até aqui não atingidos pelo terrorismo: a Liga Muçulmana, que tem Nawaz Sharif como cabeça de lista, e o Movimento para a Justiça, do antigo jogador de críquete Imran Khan.

Durante semanas, Sharif e Khan capitalizaram a seu favor o medo imposto aos adversários. Agora é apenas Sharif quem, na recta final da campanha, beneficia deste vazio pois Imran Khan está hospitalizado com várias costelas partidas devido a uma queda na terça-feira. A sua campanha eleitoral está agora nas mãos dos apoiantes que ergueram pequenos altares com a sua figura por todo o país e, enquanto lhe desejam as melhoras, rezam para que ganhe as eleições.

Esta quinta-feira, num comício, Sharif voltou a um tema recente na sua campanha, a aliança militar entre o Paquistão e os Estados Unidos da América na guerra ao terrorismo. Este é um tema de Imran Khan, que exige que os EUA deixe de realizar ataques com drones (aviões sem tripulação) no território paquistanês, sobretudo na região pashtun (etnia a que pertence), ao longo da fronteira com o Afeganistão. Os dois candidatos puseram-se também de acordo nos últimos dias sobre a questão taliban, com Sharif a tentar ganhar pontos a Khan ao declarar outra proposta do antigo desportista: as negociações com os extremistas.

O dia 11 de Maio deveria ficar na história do Paquistão por ser a primera vez que um Governo democraticamente eleito passa o poder a outro escolhido nas urnas pelos eleitores. O actual Executivo foi também o único que terminou o mandato, apesar de ter havido substituições na sua chefia.
 
Raza Gilani — que foi um aliado dos EUA — foi o 16.º primeiro-ministro do Paquistão entre 25 de Março de 2008 (ano que o PPP ganhou as eleições) e 26 de Abril de 2012, quando o Supremo Tribunal paquistanês considerou a sua nomeação nula. Gilani travou durante anos uma batalha com o Supremo, resistindo à ordem deste para reabrir o processo judicial contra Benazir Bhutto (ex-primeira ministra assassinada em 2007) e o marido desta, o actual Presidente Asif Zardari, acusados de corrupção. O Supremo acusou Gilani de violação da Constituição e afastou-o do cargo que ocupava, que pertence agora a Raja Pervez Ashraf (também do PPP).

Perante as ameaças taliban, o Governo teme que muitos paquistaneses fiquem em casa e não expressem o seu voto no próximo sábado. Para tentar evitar a abstenção por medo, Ashraf reforçou a segurança junto às assembleias de voto. De início, estavam mobilizados 50 mil polícias e 20 mil militares. Agora, e só para o Punjab (no noroeste, zona onde se encontram as principais bases taliban) estão mobilizados 96 mil polícias; em todo o Paquistão haverá 300 mil polícias nas ruas e 38 mil militares.