Ninguém quer enterrar o corpo do "terrorista" Tamerlan Tsarnaev

Morto há mais de duas semanas num tiroteio com a polícia, o corpo de um dos suspeitos do atentado de Boston continua fechado numa funerária à espera de um funeral.

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Manifestantes à porta da funerária onde está o corpo de Tamerlan Jessica Rinaldi/Reuters

A cidade de Cambridge onde ele vivia há mais de dez anos, perto de Boston, foi muito clara: está fora de questão que Tamerlan seja sepultado no cemitério local. Os esforços dos habitantes “para reencontrarem uma vida normal seriam prejudicados pela agitação, as manifestações, as vagas de jornalistas que este funeral implicaria”, explicou um funcionário municipal, Robert Healy, num comunicado.

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A cidade de Cambridge onde ele vivia há mais de dez anos, perto de Boston, foi muito clara: está fora de questão que Tamerlan seja sepultado no cemitério local. Os esforços dos habitantes “para reencontrarem uma vida normal seriam prejudicados pela agitação, as manifestações, as vagas de jornalistas que este funeral implicaria”, explicou um funcionário municipal, Robert Healy, num comunicado.

“Não se trata de um assunto para o estado ou o governo federal interferirem”, declarou o governador do Massachusetts, Deval Patrick, aos jornalistas. “É uma questão para a família. E a família tem opções”, acrescentou, sem especificar quais são essas opções. “Penso que em breve eles vão tomar uma decisão”, afirmou ainda, recusando-se a dizer se é contra (ou não) o enterro de Tamerlan Tsarnaev no seu estado.

A mulher americana de Tamerlan, Katherine Russell, já fez saber na semana passada que deixava à família Tsarnaev, de origem tchetchena, a tarefa de enterrar o seu marido. Ruslan Tsarni, o tio de Tamerlan e de Dzhokhar (o outro suspeito dos atentados que se encontra detido) que vive perto de Washington, tomou o assunto em mãos. “Um morto precisa de ser enterrado”, disse.

O tio viajou para norte, até ao Massachusetts, para reconhecer o corpo do seu sobrinho, morto durante um tiroteio com a polícia no dia 18 de Abril. Começou a procurar uma funerária e esta foi apenas a primeira dificuldade que encontrou já que nenhuma queria receber o corpo de Tamerlan.

Finalmente, uma funerária de Worcester, a uma hora de Boston, que conhece os ritos muçulmanos, aceitou a tarefa. O corpo foi transferido para lá, seguido imediatamente por um grupo de manifestantes que se instalaram em frente da funerária para protestar. Entre os cartazes que empunhavam podia ler-se este: “Enterrem este terrorista em solo americano e nós iremos desenterrá-lo.”

E depois, nos dias que se seguiram, sem solução à vista, nada aconteceu.

Um manifestante, William Breault, apelou nesta segunda-feira a uma colecta de fundos para pagar o repatriamento do corpo para o Daguestão, país do Cáucaso onde vivem os pais dos irmãos Tsarnaev, mas a inciativa não teve qualquer sucesso. Para além disso, o dono da funerária de Worcester, Peter A. Stefan, sublinha que só está disposto a entregar o corpo de Tamerlan para ser repatriado quando receber garantias das autoridades russas de que este será entregue à família no Daguestão.

O imã Talal Eid, fundador do instituto islâmico de Boston, diz estar “preocupado” com todo este impasse e está mesmo disposto a “telefonar ao Presidente Obama”.