Hospital espanhol retira prótese a doente por falta de pagamento

Esta segunda-feira, Adrían Garcia regressa ao hospital para lhe colocarem uma prótese emprestada.

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Imagem do Facebook de Adrián García DR

Aos 14, o jovem sofreu um acidente de montanhismo. Impedido de fazer desporto e de andar normalmente, deu entrada no início da semana passada no hospital Arnau de Vilanova de Valência, onde, depois de consultado um cirurgião francês devido ao carácter complicado da cirurgia, foi operado com sucesso ao joelho.

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Aos 14, o jovem sofreu um acidente de montanhismo. Impedido de fazer desporto e de andar normalmente, deu entrada no início da semana passada no hospital Arnau de Vilanova de Valência, onde, depois de consultado um cirurgião francês devido ao carácter complicado da cirurgia, foi operado com sucesso ao joelho.

Foi-lhe colocada um prótese externa para que a perna estivesse sempre numa posição recta e lhe permitisse uma recuperação total. Adrián pensou que seria o regresso, finalmente, a uma vida normal e activa. Longe disso. Após a cirurgia, a mãe de Adrián foi informada de que teriam de pagar 120 euros pela prótese ortopédica. "Não nos disseram nada até a prótese estar colocada", disse o jovem ao jornal espanhol Público.

Dois dias depois chegava uma carta da empresa ortopédica a casa da família García: reclamava o pagamento de 152 euros, dos quais lhes seriam restituídos mais tarde 122 euros.

A atravessar grandes dificuldades económicas e com uma hipoteca mensal de quase 1200 euros, a família comunicou a impossibilidade do pagamento. "Disse-lhes que não podia pagar, que não tinha esse dinheiro porque, na verdade, neste momento não tenho nem para comer", conta María Dores, mãe do jovem Adrián, ao jornal diário de Valência Levante.

Ao mesmo órgão de comunicação, a Caixa de Previdência assegurou estar a seguir o protocolo oficial: desde 2010 que só as próteses internas são cobertas pela segurança social. As externas têm de ser pagas pelo doente, tendo este o direito de exigir o reembolso de uma parte do valor, de forma a que a contribuição do utente seja de apenas 30 euros. Uma espécie de co-pagamento farmacêutico que, segundo apurou o jornal Levante, está a acumular dívidas às empresas ortopédicas.

Outros tantos utentes recusam a colocação da prótese quando descobrem que têm de pagar uma parte do valor. Há dias, Adrián voltou ao hospital onde lhe foi retirada a prótese e substituída por gesso. "Não é de todo a mesma coisa, acho que o gesso já se desviou", queixou-se o jovem.

Os pais apresentaram uma reclamação à Comissão de Utentes do Hospital Arnau de Vilanova. "Se soubéssemos que tínhamos de pagar a prótese pediríamos a alguém o dinheiro antecipadamente", afirma Adrián, que chegou a propor à empresa ortopédica pagar o valor no final do mês. A proposta foi recusada.

Nos últimos dias, Adrían sofreu fortes dores devido à retirada da prótese. Mas encontrou algum alívio nas manifestações de apoio que lhe têm chegado. Mais de 80 pessoas já se ofereceram para pagar a prótese, mas a solução encontrada foi outra: um vizinho doou a sua prótese externa em segunda mão ao jovem, que regressa ao hospital, esta segunda-feira, para que lha coloquem. Surpreendido com a onda de solidariedade, Adrian só pensa agora na recuperação. "A ver se consigo voltar a fazer desporto", conclui.

O termo prótese foi corrigido para prótese externa, uma vez que se trata de um dispositivo que não subsitui mas sim auxilia as funções de um membro.