Partido antieuropeu com resultado "fenomenal" nas eleições locais britânicas
UKIP consegue maior subida na votação de um partido fora do arco de poder desde a II Guerra Mundial, roubando votos a todas as outras formações. Nigel Farage promete mudar face da política britânica.
O escrutínio na maior parte dos 34 concelhos e entidades municipais que foram a votos ainda decorre, mas os resultados já conhecidos são suficientes para ilustrar a subida do partido antieuropeu e anti-imigração: conseguiu 42 mandatos nos sete círculos onde a contagem já terminou (quase três vezes mais do que o total de vereadores que elegeu em 2009), tendo logrado negar a maioria aos conservadores em dois municípios. Em Lincolnshire, um bastião conservador, o partido de Farage elegeu 16 vereadores, assumindo-se como o principal partido da oposição, o que acontece pela primeira vez na sua história.
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O escrutínio na maior parte dos 34 concelhos e entidades municipais que foram a votos ainda decorre, mas os resultados já conhecidos são suficientes para ilustrar a subida do partido antieuropeu e anti-imigração: conseguiu 42 mandatos nos sete círculos onde a contagem já terminou (quase três vezes mais do que o total de vereadores que elegeu em 2009), tendo logrado negar a maioria aos conservadores em dois municípios. Em Lincolnshire, um bastião conservador, o partido de Farage elegeu 16 vereadores, assumindo-se como o principal partido da oposição, o que acontece pela primeira vez na sua história.
Quando a contagem estiver terminada, a dimensão dos ganhos do UKIP poderá ser ainda mais notória. John Curtice, professor de Política da Universidade de Strathclyde e especialista em sondagens, explicou na BBC que o partido ronda os 26% de votos nos municípios onde apresentou candidatos, muito acima do que apontavam as sondagens. “É um desempenho fenomenal”, afirmou.
O partido conservador, que já contava pagar nas urnas o preço das medidas de austeridade do Governo de David Cameron e da letargia da economia, deverá sofrer uma derrota mais pesada do que a esperada. “Sim, nós percebemos”, reagiu Grant Shapps, presidente dos tories quando confrontado com os resultados dos rivais de direita. O partido manteve cinco dos sete municípios já escrutinados, mas prepara-se para ver vários outros fugir para os trabalhistas.
O Labour – que em 2009, nos últimos dias do Governo de Gordon Brown, sofreu o pior resultado de sempre em eleições locais – só tem a ganhar com este escrutínio e pode reclamar uma vitória adicional, ao vencer as eleições intercalares para o Parlamento em South Shields. Na votação, realizada depois de o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros David Miliband ter abdicado do seu lugar em Westminster, o UKIP foi também o segundo partido mais votado, relegando os conservadores para o terceiro lugar. Os liberais-democratas, parceiros dos tories na coligação de governo, ficaram num humilhante sétimo lugar.
“As pessoas que votam em nós estão a rejeitar o sistema e têm razões para isso. Os três partidos parecem iguais, soam iguais e são constituídos por pessoas que nunca trabalharam no mundo real”, disse à Radio 4 da BBC o líder do UKIP, um partido que surgiu para defender a saída do Reino Unido da União Europeia e que reúne cada vez mais os votos dos descontentes, atraídos pelo seu discurso anti-imigração e de recusa dos partidos tradicionais.
Nigel Farage admite que o UKIP, ainda sem representação no Parlamento, tem pela frente o obstáculo de um sistema eleitoral que favorece os grandes partidos, mas diz que isso não impedirá mudar a política britânica, seja forçando o partido conservador a aproximar-se da direita, seja mesmo forçando a sua entrada em Westminster nas próximas eleições. “Não penso que os votos [de quinta-feira] vão desaparecer assim tão depressa”, afirmou Farage, sublinhando que o UKIP parte “numa posição muito forte” para as legislativas de 2015.