É impossível garantir SNS com corte de 500 milhões, alerta ex-ministra Ana Jorge

Ministra do Governo de José Sócrates diz que já há falta de profissionais no terreno e que as listas de espera estão a aumentar.

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Ana Jorge é pediatra e sucedeu a Correia de Campos na pasta da Saúde Miguel Manso

“Se fosse ministra, sendo profissional de saúde, conhecendo as necessidades das pessoas, não conseguiria nem poderia cortar 500 milhões, quando existe uma crise social, muito desemprego, carências graves e fome e o acesso aos cuidados de saúde é um factor de equilíbrio para responder a algumas necessidades”, afirmou à agência Lusa Ana Jorge.

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“Se fosse ministra, sendo profissional de saúde, conhecendo as necessidades das pessoas, não conseguiria nem poderia cortar 500 milhões, quando existe uma crise social, muito desemprego, carências graves e fome e o acesso aos cuidados de saúde é um factor de equilíbrio para responder a algumas necessidades”, afirmou à agência Lusa Ana Jorge.

A ex-ministra e pediatra no Hospital Garcia da Orta, em Almada, alertou na terça-feira, à margem da sessão da Assembleia Municipal da Lourinhã de que é presidente, que os hospitais estão a funcionar com “equipas muito reduzidas, com profissionais pouco diferenciados, e têm dificuldade de acesso a meios complementares de diagnóstico e meios terapêuticos”.

Ana Jorge, ministra da Saúde do Governo socialista chefiado por José Sócrates, disse também que “existe um aumento das listas de espera para consultas e para cirurgias” em resultado dos cortes já efectuados. “Há pessoas à espera de cirurgias que estão a receber cheques em casa para as irem fazer nos hospitais privados, o que significa que os hospitais públicos não têm verbas atribuídas para fazerem as cirurgias e equipas para trabalhar mais horas nos blocos operatórios”.

O ministro das Finanças apresentou na terça-feira as linhas gerais do Documento da Estratégia Orçamental, que prevê cortes de seis mil milhões de euros até 2017. Na sua edição de sexta-feira, o Diário de Notícias revelou que os hospitais do SNS vão ter de cortar 500 milhões de euros até 2016.