Cáritas: "Sentimento de medo" obriga trabalhadores a aceitarem tudo
“Não podemos permitir que isto aconteça. Não podemos permitir que ter um emprego, seja ele qual for e em que condições, se torne uma atitude de resignação”, sublinhou a Cáritas, numa mensagem publicada no seu site para assinalar o Dia do Trabalhador.
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“Não podemos permitir que isto aconteça. Não podemos permitir que ter um emprego, seja ele qual for e em que condições, se torne uma atitude de resignação”, sublinhou a Cáritas, numa mensagem publicada no seu site para assinalar o Dia do Trabalhador.
Na mensagem, a organização manifestou a sua solidariedade com “todos os que estão sem trabalho ou o têm, mas não recebem salários”, assegurando que “não cruzará os braços na procura de caminhos que levem Portugal a ser um país de maior justiça social, alicerçada no sentido do bem comum”.
A Cáritas lembrou que a taxa de desemprego em Portugal nunca foi tão elevada como é hoje, acima dos 17%, o que, para a instituição, significa que “o acesso ao trabalho está a ser negado a muitos cidadãos que vêem assim as suas vidas atiradas para o beco da exclusão social”.
Além da perda de rendimentos, não ter trabalho é também “perder estatuto social”, porque, para a sociedade, apenas os que são “activos” e que “produzem” têm valor e lugar social, salientou.
“Isto faz com que os que vêem a sua actividade limitada por via do desemprego se sintam colocados nas periferias da participação cidadã”, lamentou.
A Cáritas referiu ainda que a “imagem de ‘fracasso’ está desde sempre associada” aos desempregados e que a crise “veio agudizar esta realidade”.
Mesmo não tendo falhado no plano pessoal, muitos portugueses “sentem-se derrotados. Para estes o Governo e a sociedade civil têm de encontrar novas respostas”, defendeu.
“Não podemos esperar que os programas e planos de combate ao desemprego sejam hoje os mesmos que eram há cinco anos. As pessoas e os problemas que carregam consigo não são as mesmas e as causas são também muito diferentes”, sustentou na mensagem.
Para a Cáritas, é preciso estabelecer “novas dinâmicas de organização da própria sociedade e renovar a capacidade de correr riscos” e encontrar novas formas de dignificar o trabalho, porque também os que estão na vida activa “têm direito a mais do que um posto de trabalho e uma remuneração”.
“Têm direito à segurança e a poder viver as suas vidas em liberdade e tranquilidade”, advogou.
Para a organização, assinalar o 1.º de Maio é “lembrar a empregadores e empregados e a governos e sociedade civil as suas responsabilidades, direitos e deveres”.
“É exaltar as dimensões da liberdade, equidade e subsidiariedade”, acrescentou.