Islandeses devolvem o poder ao centro-direita
Partidos responsabilizados pelo desastre económico e social do país voltam ao poder em Reiquejavique. Bjarni Benediktsson deve ser o novo primeiro-ministro.
Os resultados finais, divulgadas na manhã deste domingo, indicam que cada um dos dois partidos elegeu 19 deputados, o que lhes assegura uma maioria de 38 no parlamento de 63 lugares.
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Os resultados finais, divulgadas na manhã deste domingo, indicam que cada um dos dois partidos elegeu 19 deputados, o que lhes assegura uma maioria de 38 no parlamento de 63 lugares.
O novo primeiro-ministro deverá ser Bjarni Benediktsson, 43 anos, líder do Partido da Independência, de direita, que formará Governo, apesar de a força que lidera ter obtido o segundo pior resultado desde 1944. "É tempo para fazer novos investimentos, criar empregos e começar a crescer", disse. O outro protagonista das eleições é Sigmundur David Gunnlaugsson, 38 anos, líder Partido Progressista, uma força centrista.
Os sociais-democratas, da chefe do Governo cessante, Johanna Sigurdardottir (que não concorreu e vai deixar a política), tinham apenas 13,5%, segundo uma projecção anterior à divulgação dos resultados finais.
Os dois partidos de centro-direita, que fizeram uma campanha apoiada nas promessas de reduzir a dívida e cortar nos impostos, são eurocépticos e o seu triunfo pode levar a que o processo de candidatura da Islândia à adesão à União Europeia não avance.
O Partido da Independência e o Partido Progressista estão habituados a governar em conjunto. Foi um Governo formado por ambos que liberalizou o sector financeiro que conduziu à ruína da banca. "As pessoas têm memória curta", disse um eleitor, Halldor Gudmundsson, 44, à Reuters depois de ter votado, comentando o regresso, já previsto nas sondagens, do centro-direita ao poder. "Estes foram os partidos que nos lançaram na confusão."
Benediktsson é formado em Direito, mas dedicou-se aos negócios e é deputado desde 2003. É oriundo de uma família da elite financeira do país que foi visada nas inéditas manifestações do início de 2009, que conduziram a eleições antecipadas.
As duas forças do Governo cessante sofreram uma pesada derrota: os sociais-democratas perdem cerca de metade dos deputados e devem ficar com apenas dez eleitos, e o movimento Esquerda-Verdes não deve ir além dos nove.
Johanna Sigurdardottir, que aplicou durante boa parte do seu mandato receitas inspiradas pelo Fundo Monetário Internacional, que emprestou 1,6 mil milhões de euros à Islândia entre 2008 e 2011, declarou-se "muito triste" com o resultado das eleições.
O Governo cessante conseguiu reverter a situação em alguns aspectos, mas as dívidas acumuladas pelas famílias islandesas através de empréstimos bancários contraídos antes da crise de 2008 – e também a aversão à integração na União Europeia, defendida pela esquerda – levaram a uma mudança do eleitorado.
Apesar de uma taxa de crescimento prevista de 1,9% e de uma taxa de desemprego abaixo dos 5%, as medidas de austeridade deram espaço de manobra aos dois partidos que, há quatro anos, os islandeses responsabilizaram pelo desastre económico e social.