Parlamento grego vota reestruturação do sector público com protestos à porta

Deputados discutem saída de 15 mil funcionários públicos na véspera de uma reunião do Grupo de Trabalho do Eurogrupo que deverá abordar o programa grego.

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O desemprego na Grécia atingia 26,4% da população activa no final de 2012 Nuno Ferreira Santos

A reestruturação da administração pública, uma exigência da troika para a Grécia continuar a receber financiamento externo, é contestada pelos sindicatos, que estão a mobilizar-se para contestar as medidas de austeridade do Governo em frente ao edifício parlamentar, em Atenas.

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A reestruturação da administração pública, uma exigência da troika para a Grécia continuar a receber financiamento externo, é contestada pelos sindicatos, que estão a mobilizar-se para contestar as medidas de austeridade do Governo em frente ao edifício parlamentar, em Atenas.

O projecto de lei foi já aprovado no sábado em sede de comissão parlamentar pela maioria que suporta a coligação governamental e começou a ser discutido pelos deputados do hemiciclo ao final desta manhã.

O Governo comprometeu-se com a missão de credores do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu a diminuir o número de funcionários públicos, tendo como meta a saída de 15 mil trabalhadores em dois anos (4000 já em 2013).

Os sindicatos, tanto do sector público como do privado, vão contestar as medidas numa manifestação, com início às 15h30 locais, marcada para a praça Syntagma, frente ao Parlamento – e, desde o início da crise, terreiro habitual de protestos contra as medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais.

A votação parlamentar acontece na véspera de uma reunião do Grupo de Trabalho do Eurogrupo, que prepara as reuniões mensais dos ministros das Finanças da moeda única e que deverá dar luz verde preliminar ao desembolso da próxima tranche de financiamento externo à Grécia.

O ministro grego das Finanças, Yannis Stournaras, frisava no sábado que a aprovação das reformas é uma condição para Atenas receber o envelope financeiro de 2800 milhões de euros, o que só deverá acontecer depois de os ministros das Finanças da zona euro aprovarem formalmente a libertação da tranche. “Votar a lei abrirá a porta ao desembolso de 2800 milhões de euros. Não há nada mais urgente do que isto”, apelou aos deputados, citado pela Reuters.

No Parlamento, o Governo de Antonis Samaras (centro-direita, coligado com os socialistas do Pasok e o Esquerda Democrática) joga com o apoio de uma maioria confortável, de 167 assentos parlamentares em 300 deputados.

A reestruturação que vai a votos visa directamente a função pública. A manifestação em frente ao Parlamento conta com a mobilização do sindicato dos trabalhadores da função pública ADEDY e do sindicato da educação secundária OLME. Mas também do sindicato dos trabalhadores do sector privado GSEE, que alerta para o aumento da taxa de desemprego, que no final de 2012 atingia 26,4% da população activa.