Sacos de obras e contentores transformados em hortas urbanas em Lisboa

Associação vai utilizar “sacos de obras ou contentores grandes que existem nas calçadas” e transformá-los em “lotes de terrenos, cheios de areia"

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cinnachick/Flickr

Hortas e jardins urbanos na zona da Mouraria, em Lisboa, vão ser inaugurados este sábado pela associação cultural Casa Independente, no âmbito do projecto Proserpina, disse à  Lusa o coordenador da iniciativa, Hugo Nóbrega Cardoso.

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Hortas e jardins urbanos na zona da Mouraria, em Lisboa, vão ser inaugurados este sábado pela associação cultural Casa Independente, no âmbito do projecto Proserpina, disse à  Lusa o coordenador da iniciativa, Hugo Nóbrega Cardoso.

Proserpina “é um projecto que pretende fazer a criação de espaços comunitários e de socialização em espaços que são considerados degradados”, afirmou Hugo Nóbrega Cardoso, explicando que, entre outros materiais, serão adaptados a “terrenos agrícolas” sacos de obras ou contentores grandes que existam nas ruas. O projecto, cujo nome é referente à deusa romana da agricultura e do submundo, é inaugurado na Casa Independente, localizada no largo do Intendente, no bairro da Mouraria.

Segundo o coordenador, o Proserpina pretende “recriar a utilização dos próprios espaços e dos materiais que são para intervenção e, a partir daí, fazer crescer coisas”. Os materiais a utilizar serão fornecidos pela associação, que os irá procurar nas ruas de Lisboa ou adquiri-los no mercado.

Dos quatro eixos de intervenção prioritária, escolhidos por estarem situados próximos da sede da associação, no Intendente, fazem parte as zonas do Castelo, Graça/Sapadores, São José e eixo de São Paulo. Nestes quatro locais, a associação vai utilizar “sacos de obras ou contentores grandes que existem nas calçadas” e transformá-los em “lotes de terrenos, cheios de areia.

Os sacos são porosos e permitem que se façam cultivos de fruta, sementes, flores, ervas de cheiro, o que [se] quiser”, adiantou. “A criação e a manutenção são feitas por residentes ou moradores dessas áreas, voluntários que vão passar a cuidar destes espaços”, referiu Hugo Nóbrega Cardoso, sublinhando que o papel da associação centra-se na “intenção da socialização e na intervenção comunitária”.

"Meter as mãos na terra"

Este é um projecto financiado e apoiado pela Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do programa Bairros de Intervenção Prioritária e está aberto à comunidade: “Todos podem ter o seu carrinho de terra ali. Basicamente, o que têm que fazer é falar connosco”.

Hugo Nóbrega Cardoso justificou esta criação devido ao facto de haver “um interesse cada vez maior pelo cultivo, por ter culturas em casa”. “Hoje já muita gente tem canteiros em casa, muita gente tem as plantas e as ervas de cheiro que cultiva nas varandas ou numa janela.

As pessoas têm muita vontade de meter as mãos na terra”, salientou. Um dos objectivos da Casa Independente é alagar o projecto a outras zonas de Lisboa.

“Quando este projecto foi pensado, foi pensado para agarrar na cidade, de uma ponta à outra”, contudo, “isso numa primeira fase não é comportável”.

A inauguração oficial começa às 10h00 de sábado e conta com um "workshop" de cozinha e com a plantação de vasos no jardim vertical que decora a sede associação. No acto da inauguração serão definidos os locais exactos da intervenção, que ocorrerá nos meses de Maio e Junho.