A joalharia mal-educada de Ana Guimarães
Projecto de jovem portuense é uma fusão entre dizeres populares e design contemporâneo
Por um lado, há asneiras que não deviam ser entendidas enquanto tais. E, por outro, há a criatividade e uma falta de pudor aliada ao também inexistente preconceito que acabam por culminar na criação de um projecto como o “Rude Jewellery”, de Ana Guimarães, que é como quem diz: “Estudasses”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Por um lado, há asneiras que não deviam ser entendidas enquanto tais. E, por outro, há a criatividade e uma falta de pudor aliada ao também inexistente preconceito que acabam por culminar na criação de um projecto como o “Rude Jewellery”, de Ana Guimarães, que é como quem diz: “Estudasses”.
Licenciada em Design de Joalharia pela Escola Superior de Artes e Design (ESAD), a jovem de 27 anos optou por veicular “a revolta com situações do quotidiano” através da joalharia, explica em entrevista telefónica ao P3.
"Tudo começou por brincadeira. Criei uma peça apenas para mim e só mais tarde decidi divulgar para saber qual a reacção dos potenciais compradores”.
Colares, alfinetes de peito e anéis de dois dedos feitos em alumínio e acrílico são algumas das peças que dão forma a este projecto. Já as expressões podem ser criadas por Ana, bem como personalizadas pelos próprios clientes.
Perguntámos pelos dizeres mais requisitados e a designer, antes de responder, pediu desculpa: “É mesmo o ‘estimo bem que te fod...’ . As pessoas dizem-me que são terapêuticas”, afirma entre risos.
Expressões personalizadas
Mas também recorda um pedido especial de uma senhora que vende sabonetes no mercadinho Porto Belo, no Porto, para clientes mais inoportunos: “Vai lamber sabão”. Curiosamente, refere, até nem tem tido pessoas muito radicais no que diz respeito à fasquia de palavrões.
As peças mal-educadas podem ser adquiridas a partir de dez euros, no número 415 da Rua do Almada, no Porto, ou ainda, de forma mais cómoda, através do Facebook da Jewels Don’t Shine - um nome que traduz o facto das jóias não terem que ser caras para terem valor (sentimental, claro).
A designer natural do Porto pondera agora traduzir as expressões para a língua inglesa, sendo que, mediante encomenda, já é possível fazê-lo. Assim como também fica ao critério do cliente escolher o material: “Se quiserem prata ou banho de prata também faço”.