Colapso de prédio mata pelo menos 230 pessoas no Bangladesh
Proprietários de fábricas de vestuário, entre elas Mango e Primark, terão ignorado aviso para não deixarem entrar trabalhadores no edifício, depois de detectadas fissuras, na terça-feira.
O incidente relançou o debate sobre a segurança e condições de trabalho nas fábricas da indústria têxtil que fornece as marcas ocidentais.
O exército do Bangladesh está a colaborar na operação de busca de sobreviventes e recolha de cadáveres. Mil dos 2500 trabalhadores estão feridos.
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O incidente relançou o debate sobre a segurança e condições de trabalho nas fábricas da indústria têxtil que fornece as marcas ocidentais.
O exército do Bangladesh está a colaborar na operação de busca de sobreviventes e recolha de cadáveres. Mil dos 2500 trabalhadores estão feridos.
As primeiras fissuras no edifício foram vistas terça-feira, provocando pânico entre os trabalhadores. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas numa debandada que então se verificou, segundo a estação privada Somoy TV.
O chefe da polícia local, Mohammad Asaduzzaman, disse à Reuters que os proprietários das fábricas de vestuário e dos outros estabelecimentos terão ignorado o aviso para, nesta quarta-feira, não deixarem os trabalhadores voltarem a entrar no edifício, após os problemas detectados na véspera.
A polícia informou que o colapso do edifício começou pelas traseiras e que toda a estrutura cedeu muito rapidamente. Só o rés-do-chão terá ficado intacto.
“Eu estava na secção de corte da fábrica de roupa e de repente ouvimos um grande barulho e o prédio caiu em poucos minutos”, disse um dos trabalhadores que escapou, numa declaração à Somoy TV, reproduzida pela BBC.
O colapso de edifícios no Bangladesh é relativamente comum, o que será explicado pelo facto de as normas de segurança em matéria de construção raramente serem aplicadas. No caso do Rana Plaza o Ministério do Interior já informou que foi construído em violação das regras urbanísticas.
O balanço dos últimos anos, tendo em conta o levantamento da AFP e da BBC, é trágico. Em 2005, pelo menos 70 pessoas morreram devido ao colapso de uma fábrica têxtil, nos arredores de Dacca. Em 2010, um edifício de quatro andares desmoronou-se matando pelo menos 25 pessoas. Em Novembro de 2012,13 pessoas morreram na queda de uma ponte em construção na cidade portuária de Chittagong. Também no mesmo mês, um incêndio numa fábrica de vestuário em Dacca matou 110 pessoas.
O Bangladesh tem uma das maiores indústrias de vestuário do mundo. Os preços competitivos conseguidos à custa de mão-de-obra barata fornecem muitos países ocidentais.