Governo admite dispensa de professores também no estrangeiro
Quebra no número de alunos inscritos pode levar à redução dos actuais 400 professores que Portugal tem actualmente no estrangeiro.
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"O processo está a correr muito bem dentro daquilo que era a nossa expectativa, está acima da nossa expectativa [...], mas vai significar menos alunos inscritos, não temos ilusões", disse José Cesário.
O secretário de Estado, que falava à agência Lusa após um encontro no Palácio das Necessidades, em Lisboa, com uma delegação da Federação Nacional da Educação (FNE), disse que a redução de alunos não implicará necessariamente a dispensa de professores, mas não garantiu que tal não venha a acontecer.
"Temos muitos professores que têm mais alunos do que deveriam e estamos a incorporar na rede muitos alunos de países onde não temos professores. Esses alunos vão passar a contar também como alunos da rede EPE e a existência desses alunos vai obrigar-nos a termos mais professores disponíveis se não para dar aulas, para outras actividades", disse.
Para José Cesário, uma eventual dispensa de professores está mais dependente da evolução orçamental em Portugal do que do número de inscrições.
"O Orçamento do Estado vai ser completamente refeito e todos os sectores vão ser afectados. Nós estamos preparados para dar a nossa contribuição", disse, admitindo que possa haver dispensa de alguns dos cerca de 400 professores que Portugal tem actualmente no estrangeiro.
Teresa Soares, secretária-geral do Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas (SPCL), que integrou a comitiva da FNE, estimou, por seu lado, que haverá países com quebras significativas de alunos.
"Na Alemanha, [a redução de alunos] será entre 40 a 45%" exemplificou Teresa Soares, que é professora naquele país, adiantando que tal poderá significar a dispensa de 18 a 20 professores.
Teresa Soares, que atribui a quebra do número de alunos no estrangeiro à decisão do Governo de cobrar uma propina anual de 100 euros, disse à Lusa que durante a reunião, que se realizou a pedido do SPCL, propôs ao Governo a redução do número de alunos por curso para "evitar grandes despedimentos de professores por falta de alunos".
Actualmente, cada grupo de 15 alunos tem entre três a cinco horas lectivas semanais e a proposta do sindicato é de baixar esse número para os dez alunos, para que haja horários para mais professores. O Governo admite, por seu lado, baixar para os 12 alunos por grupo.
Foi ainda proposto pela FNE um alargamento do prazo para as inscrições de alunos, que decorre entre 8 e 28 de Abril, um período considerado curto pelos sindicatos e que em vários países coincidiu com as férias escolares, dificultando o acesso dos professores aos encarregados de educação.
José Cesário concordou em prolongar o prazo para a aceitação de candidaturas por "mais alguns dias", sem especificar quantos.
"Temos alguma tolerância […] e as nossas coordenações continuarão a receber durante mais alguns dias uma ou outra inscrição que venha", disse.
Na segunda-feira, o secretário de Estado das Comunidades recebeu também a Federação Nacional de Professores (Fenprof), com quem analisou também questões relacionadas com o ensino de português no estrangeiro.