Britânico condenado por venda de falsos detectores de bombas ao Iraque

Empresa de James McCormick vendeu aparelhos semelhantes aos que encontram bolas de golfe como se fossem eficazes e detectar explosivos.

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Apesar da exportação dos equipamentos estar proibida, as autoridades acreditam que muitos dos detectores ainda estão a ser utilizados AHMAD AL-RUBAYE/AFP

Os falsos detectores eram vendidos cada um a 27 mil libras (31.650 euros). Foram comprados por países como o Iraque para detectar bombas camufladas no solo ou escondidas em veículos. Segundo uma investigação realizada pelo programa Newsnight da BBC, só ao Iraque foram vendidos, entre 2008 e 2010, 6000 dos detectores produzidos pela sociedade ATSC, de McCormick. Após o programa da estação de televisão britânica, o Governo de Londres ordenou, em Janeiro de 2010, que fosse proibida a exportação dos aparelhos.

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Os falsos detectores eram vendidos cada um a 27 mil libras (31.650 euros). Foram comprados por países como o Iraque para detectar bombas camufladas no solo ou escondidas em veículos. Segundo uma investigação realizada pelo programa Newsnight da BBC, só ao Iraque foram vendidos, entre 2008 e 2010, 6000 dos detectores produzidos pela sociedade ATSC, de McCormick. Após o programa da estação de televisão britânica, o Governo de Londres ordenou, em Janeiro de 2010, que fosse proibida a exportação dos aparelhos.

A investigação concluiu que oficiais iraquianos terão sido subornados para apoiarem a aquisição dos detectores, apesar de ser do seu conhecimento que estes não funcionavam. Sob a alegada eficácia dos detectores, muitos locais e viaturas foram considerados seguros. No Iraque, militares como o responsável máximo pela equipa de bombas e armadilhas de Bagdad, o general Jihad al-Jabiri, acabaram por ser condenados por corrupção, indica a BBC.

Um dos exemplos de casos em que os detectores de McCormick foram utilizados foi confirmado ao programa da estação britânica pelo inspector-geral do Ministério do Interior iraquiano. Aqil al-Turehi, que dirige a investigação no Iraque ao caso McCormick, conta que uma viatura carregada com rockets e mísseis conseguiu ter autorização de passagem em 23 postos de controlo das autoridades. Em todos os 23 locais era utilizados os aparelhos de McCormick. Em muitos outros continuam ainda a ser utilizados, como admitem testemunhas ouvidas pela BBC.

Na promoção dos falsos detectores, semelhantes a aparelhos para encontrar bolas de golfe com um valor de mercado de pouco mais de 20 euros, McCormick argumentava que os seus produtos conseguiam detectar pessoas e objectos sob qualquer material. Segundo o britânico, os detectores conseguiam encontrar praticamente tudo debaixo de terra ou de água, mesmo a um quilómetro de profundidade, fossem explosivos, drogas ou dinheiro. Durante o julgamento, a acusação defendeu que os aparelhos eram completamente ineficazes e fabricados sem qualquer base científica.

Ed Heath, um dos responsáveis britânicos na investigação ao esquema de McCormick, citado pela BBC, acusa McCormick de ganância. “McCormick demonstrou uma total desconsideração pela segurança daqueles que confiaram no aparelho para a sua própria segurança e protecção. Arrecadou muitos milhões de libras com a sua empresa gananciosa e criminosa”.

Haneen Alwan foi vítima da explosão de uma bomba em Janeiro de 2009. Estava grávida de dois meses. Sofreu um aborto e foi sujeita a 59 cirurgias. À BBC acusa “o homem que vendeu esses aparelhos de não ter consciência”. “É desprovido de moral. Como pode tê-los vendido só pelo dinheiro e destruir a vida de outras pessoas?”, questionou.

James McCormick nega as acusações que lhe foram feitas desde o início da investigação e durante o julgamento. Ficará a conhecer a sentença no próximo dia 2 de Maio.