23 polícias brasileiros condenados a 156 anos pelo Massacre de Carandiru

Passados mais de 20 anos da morte de 111 presos numa prisão de São Paulo, sentenças duras na primeira fase do julgamento

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O massacre de Carandiru deu um filme estreado em 2003 DR

A sentença foi anunciada de madrugada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão e corresponde apenas à primeira parte do julgamento que está dividido em quatro etapas. Outros três polícias julgados nesta primeira fase foram absolvidos a pedido do próprio Ministério Público.

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A sentença foi anunciada de madrugada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão e corresponde apenas à primeira parte do julgamento que está dividido em quatro etapas. Outros três polícias julgados nesta primeira fase foram absolvidos a pedido do próprio Ministério Público.

No conjunto do proceso irão ser julgados 76 agentes pelo massacre que aconteceu quando a policía entrou na prisão de Carandiru para acabar com uma luta entre fações rivais. Nenhum policía morreu durante o motim.

O caso do Massacre de Carandiru é tão complexo que só 26 dos 83 acusados estão actualmente a ser julgados. Os advogados de defesa dizem que os agentes estavam a cumprir ordens e que não há provas forenses para determinar quem matou os prisioneiros.

A acusação do Ministério Público diz que muitos dos presos foram assassinados à queima-roupa dentro das suas celas.

Os sete membros do júri do julgamento deram como provado que o grupo de polícias da Rota (batalhão da polícia de choque) armados de revólveres e metralhadoras, subiu ao segundo andar do Pavilhão 9 da prisão de Carandiru e matou a tiros 13 detentos.

No início do julgamento, a acusação falava em 15 presos mortos neste andar, mas a acusação pediu para que dois dos prisioneiros, mortos com armas brancas, fossem desconsiderados pelos jurados. Segundo o Mínistério Público, não era possível saber se eles foram mortos realmente pelos polícias militares.

Segundo a acusação, as mortes foram praticadas por uma acção colectiva, comandada pelo então capitão Ronaldo Ribeiro dos Santos, na qual todos contribuíram igualmente "para praticar a barbaridade que praticaram", disse o procurador Márcio Friggi.

"Apesar de tardia, a sentença condenatória dos policiais que participaram do Massacre do Carandiru representa um importante recado da sociedade e da justiça brasileiras de que não é aceitável que policiais promovam fuzilamentos e depois inviabilizem perícias e apurações, seja removendo corpos, executando testemunhas ou forjando provas para garantir a impunidade dos crimes", disse à Folha de São Paulo o advogado Ariel de Castro Alves, do grupo Tortura Nunca Mais , que acompanhou o julgamento.