Jeff identificou um dos suspeitos do ataque Boston na cama do hospital

É um dos mais de 170 feridos do ataque de segunda-feira na maratona de Boston. Olhou nos olhos um dos suspeitos identificados pela polícia e que acabou por ser abatido.

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A foto de Jeff Bauman que está a correr o mundo (neste caso editada, porque o original é considerado por nós demasiado chocante) CHARLES KRUPA/ASSOCIATED PRESS

O testemunho de Jeff Bauman não é feito na primeira pessoa. É o seu irmão, Chris, que conta o que se passou na segunda-feira, minutos antes de uma das duas explosões registadas na maratona. Jeff, hospitalizado a recuperar da amputação de ambas as pernas abaixo do joelho, esteve sedado nos últimos dias e recuperou os sentidos na quinta-feira. Acordou agitado e terá conseguido apenas dizer “boom, boom”. “Ele acordou sob tanta medicação e pediu por papel e uma caneta e escreveu ‘mala, vi o tipo, olhou directamente para mim’”, contou Chris na quinta-feira, citado pelo Washigton Post.

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O testemunho de Jeff Bauman não é feito na primeira pessoa. É o seu irmão, Chris, que conta o que se passou na segunda-feira, minutos antes de uma das duas explosões registadas na maratona. Jeff, hospitalizado a recuperar da amputação de ambas as pernas abaixo do joelho, esteve sedado nos últimos dias e recuperou os sentidos na quinta-feira. Acordou agitado e terá conseguido apenas dizer “boom, boom”. “Ele acordou sob tanta medicação e pediu por papel e uma caneta e escreveu ‘mala, vi o tipo, olhou directamente para mim’”, contou Chris na quinta-feira, citado pelo Washigton Post.

Jeff descreveu depois à família o que se passou. Estava junto à meta da maratona à espera que a namorada cortasse a linha final, quando um homem, de boné, óculos escuros e um casaco preto olhou para ele e largou uma mala junto aos seus pés. Dois minutos e meio depois, uma explosão. O horror que Jeff passou a seguir foi testemunhado numa fotografia tirada por um fotógrafo da Associated Press, e que se tornou uma das mais icónicas pós-atentado. Um jovem com as pernas totalmente desfeitas, com cabelo chamuscado e ar aterrorizado, empurrado numa cadeira de rodas por elementos das equipas de socorro. Foi com esta imagem e depois de ela ser partilhada centenas de vezes nas redes sociais que a família de Jeff confirmou que o jovem estava entre as vítimas do ataque, que fez três mortos e mais de 170 feridos.

Ainda nos cuidados intensivos, o irmão de Jeff disse que este deu todas as informações de que dispunha à polícia federal norte-americana. O FBI, por sua vez, recusou-se a avançar que pista deu Jeff e de que forma ajudou nas investigações. Sabe-se apenas que depois do encontro com Jeff e depois de analisadas imagens de câmaras de videovigilância e captadas por fotojornalistas e telemóveis, o FBI divulgou fotos de dois suspeitos: um homem de boné preto, óculos escuros, casaco preto e com uma mochila, e um segundo indivíduo, de boné branco, virado ao contrário, e também com uma mochila. Nas últimas 24 horas, o homem que Jeff terá identificado foi abatido e a sua morte confirmada no hospital de Beth Israel, onde deu entrada com vários ferimentos. O homem do boné branco é ainda procurado pela polícia.

Jeff e Arredondo
“Viste a fotografia? O Jeffrey está nas notícias. Ficou ferido”. Foi assim, através da sua enteada, que pela primeira vez Jeff Bauman, 52 anos, soube o que tinha acontecido ao filho. Depois de várias tentativas de contacto para o telemóvel de Jeff após as explosões, o pai procurou a imagem que todos falavam e encontrou-a no Facebook, segundo o The New York Times. Ganhou coragem e começou a ver as imagens que estavam a ser divulgadas pelas televisões, mais uma vez impressionantes. “Há um vídeo em que ele vai direito ao Jeff, pega-lhe, coloca-o numa cadeira de rodas, improvisa um torniquete numa das pernas e depois empurra-o. Eu tenho que falar com este tipo”. Esse “tipo” é Carlos Arredondo, de 52 anos, o homem com chapéu de cowboy que aparece na mesma fotografia de Jeff a apoiá-lo. Arredondo foi uma das muitas pessoas que após as explosões prestaram a primeira ajuda às vítimas.

Os pais de Jeff só viram o filho na noite de segunda-feira, depois de ter sido feita a cirurgia que apenas terminou a amputação que a explosão já tinha começado. Souberam depois que devido a elevada perda de sangue, Jeff teve que ser reanimado e receber transfusões de sangue, refere o The New York Times.

Os Bauman não sabem quando Jeff terá alta. O filho está vivo mas há agora outra preocupação: como vai reagir perante uma nova realidade e qual vai ser o seu futuro. Mas há outro pensamento que admitem os deixar impacientes: onde está o cowboy? Querem dizer-lhe que o filho está vivo.