Um milhão de portugueses fizeram trabalho voluntário em 2012

INE estima que, em 2012, o trabalho voluntário atingiu cerca de 1% do PIB.

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Dados do INE apontam o Centro e Lisboa como as regiões com maiores taxas de voluntariado Paulo Pimenta

O INE desenvolveu um inquérito piloto que pretendeu caracterizar o trabalho voluntário nacional, em termos sociodemográficos, fazer o seu enquadramento regional, aferir o tipo de tarefas realizadas e quantificar o número de horas dedicadas.

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O INE desenvolveu um inquérito piloto que pretendeu caracterizar o trabalho voluntário nacional, em termos sociodemográficos, fazer o seu enquadramento regional, aferir o tipo de tarefas realizadas e quantificar o número de horas dedicadas.

O Inquérito ao Trabalho Voluntário 2012 refere que “o trabalho voluntário constitui um recurso crucial de resolução de muitos problemas sociais, económicos e ambientais da actualidade”, mas ainda tem “pouca visibilidade estatística”.

Os dados estimam que, em 2012, 11,5% da população com 15 ou mais anos (1.040.000) tenha participado em, pelo menos, uma actividade formal ou informal de voluntariado, o que representou 368,2 milhões de horas de trabalho voluntário.

“Tendo como referência o total de horas trabalhadas das Contas Nacionais Portuguesas poderá concluir-se que as horas de trabalho voluntário equivaleram a 4,1% do total de horas trabalhadas”, sublinha o documento.

Valorizando o trabalho voluntário, utilizando como referência metodologias internacionais que recomendam a imputação de um salário (um “salário por ocupação profissional”, “salário de apoio social” ou salário mínimo), o INE estima que o trabalho voluntário tenha atingido, em 2012, um valor na ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os dados estimam ainda cerca de 483 mil pessoas fizeram voluntariado em organizações da economia social, correspondendo a aproximadamente 90% do trabalho voluntário formal.

Utilizando como referência o emprego total da economia social em 2010, os dados referem que o trabalho voluntário neste sector correspondeu a cerca de 40% do total do trabalho, “o que confirma a importância deste recurso” para as instituições.

Pouco mais de metade do total de voluntário (51,6%) realizou uma actividade voluntária através de uma organização ou instituição, refere o estudo, acrescentando que 51,4% dos voluntários desempenharam actividades a título ocasional e 48,5% numa base regular.

A percentagem de mulheres a fazer voluntariado foi superior à dos homens, 57,3% e 42,7%, respectivamente.

O INE refere que “a distribuição etária do voluntariado reflecte, de certa forma, a estrutura da população, não havendo grandes diferenças” no que respeita à taxa de voluntariado: 11,6% na faixa dos 15-24 anos, 13,1% dos 25 aos 44 anos, 12,7% dos 45 aos 64 anos e 7,3% com 65 ou mais anos.

A maior parte dos voluntários é casada (56,8%), observando-se a predominância deste estado civil em qualquer tipo de trabalho voluntário.

No trabalho voluntário formal, destacam-se os jovens, desempregados e com maiores níveis de escolaridade. Nas actividades informais, concentram-se pessoas com mais idade, com maiores níveis de escolaridade, desempregados e divorciados. A participação no trabalho voluntário aumenta com o nível de escolaridade: 27,1 dos voluntários têm o ensino superior.

Considerando a taxa de voluntariado por região NUTS II, o INE refere que a região Centro (12,3%) e a região de Lisboa (12%) apresentaram taxas acima da média do país (11,5%).