Louxor: renasce a sala de cinema mais mítica de Paris
Em Paris as salas de cinema não fecham, renascem. Abandonada desde os anos 1980, templo da art déco, reabre sexta-feira em Paris a sala de cinema Louxor. Recuperada pela câmara da cidade é agora vista como símbolo de uma nova vida para os cinemas de Paris.
Nos últimos tempos quando se fala de salas de cinema, em Portugal mas não só, as notícias reportam-se a encerramentos, degradação dos imóveis ou aquisição de edifícios emblemáticos, e não tanto de recuperações.
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Nos últimos tempos quando se fala de salas de cinema, em Portugal mas não só, as notícias reportam-se a encerramentos, degradação dos imóveis ou aquisição de edifícios emblemáticos, e não tanto de recuperações.
Em Paris, a reabertura da sala (situada no nº 170 do boulevard de Magenta, 10º bairro), é vista como símbolo de nova vida e de pujança para os cinemas da cidade, em reacção aos espaços incaracterísticos, sem qualquer tipo de referência emocional. Ou seja, forma de reavivar a experiência social do cinema, em salas com história e pensadas a partir das características do conforto contemporâneo.
A sala agora recuperada voltará a exibir filmes contemporâneos e clássicos. A iniciativa pertenceu à câmara da cidade que resolveu investir 25 milhões de euros no espaço, devolvendo-lhe a firmeza, cor, mosaicos, frisos, colunas e a fachada, que conserva a inscrição “Louxor – Palais du Cinéma”. As obras começaram em 2010, pela mão do arquitecto Philippe Pumain [ver entrevista em baixo], que tentou respeitar o espírito original do lugar.
O Louxor original, de 1921, dispunha apenas de uma sala, onde podiam acomodar-se mais de 1000 pessoas. Agora conta com três, uma das formas de rentabilizar o espaço. A maior – baptizada Youssef Chahine, em memória do realizador egípcio que morreu em 2008 – está situada no mesmo lugar, mas contempla agora apenas 340 lugares, porque se privilegiou o conforto, segundo o arquitecto. As outras duas salas são mais pequenas (para 74 e 140 espectadores, respectivamente)
Idealizado em 1921 pelo arquitecto Henri Zipcy, a sala viria a ser adquirida em 1929 pela Sociedade Pathé, que ali projectaria filmes de Georges Méliès e as últimas tendências americanas. Abandonado desde 1987, apesar de em 1981 a fachada ter passado a fazer parte do inventário dos Monumentos Históricos franceses, acabou por ser adquirido pela câmara em 2003.
No início de 2010 começaram os trabalhos de restauro e em 2012 foi atribuída a exploração do edifício à sociedade CinéLouxor, com direcção de Emmanuel Papillon, que já afirmou que a programação não será apenas para cinéfilos, contemplando também o grande público. Para já, sexta-feira, ali se estreará o último filme de Wong Kar-Wai, The Grandmaster.