Carma, esta bicicleta já foi um carro
Apesar de ser recente, o projecto já conta com uma nomeação para os Velo City Awards, prémio internacional que distingue projectos ligados ao mundo das bicicletas
A Carma (com "c" de "car") é uma bicicleta com uma missão — compensar o mau karma do carro que lhe deu origem. Feita a partir de partes de um Mercedes velho, esta bicicleta quer percorrer o país até fazer tantos quilómetros como o velho automóvel fez em vida.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Carma (com "c" de "car") é uma bicicleta com uma missão — compensar o mau karma do carro que lhe deu origem. Feita a partir de partes de um Mercedes velho, esta bicicleta quer percorrer o país até fazer tantos quilómetros como o velho automóvel fez em vida.
O projecto existe porque os objectos também têm karma. E porque os carros em particular têm uma longa história de poluição e estragos ambientais que é preciso compensar. “O projecto nasceu da ideia de discutir a mobilidade urbana de uma forma diferente” explica ao P3 Luciana Cani, directora da agência publicitária Leo Burnett, responsável pela ideia.
O desafio partiu da revista B, uma publicação trimestral dedicada à cultura das bicicletas, que queria promover as bicicletas como uma alternativa ao carro, sem ser com as campanhas tadicionais. Por essa razão, a Carma não é, nem nunca será comercializada, e não tem qualquer fim lucrativo.
Esta bicicleta tem um único objectivo — ser pedalada pelo maior número de pessoas. No total precisa de percorrer 159,761 quilómetros para igualar o velho carro. Para isso vai correr o país, entre vários estabelecimentos ligados ao turismo e às bicicletas. Depois, “qualquer pessoa pode ir lá, deixar um documento de identificação, e levar a carma para experimentar”, explica a Luciana.
Através de um sistema de GPS instalado na bicicleta, a organização e os público conseguem acompanhar todo o percurso na Internet, desde quilómetros percorridos à localização da Carma. E é também online que os interessados podem sugerir a sua cidade como ponto de passagem ou descobrir onde ela vai a seguir.
Lançada há apenas uma semana, a Carma já percorreu cerca de cinco quilómetros. “A chuva constante não tem ajudado”, confessa Luciana. Para já está apenas por Lisboa, mas em breve parte para o Porto e já tem também presença confirmada noutros locais.
Velo City Awards
Apesar de ser recente, o projecto já dá que falar fora de portas, com uma nomeação para os Velo City Awards, um prémio internacional que distingue projectos ligados ao mundo das bicicletas. Entre outras vantagens, o prémio dá-lhes a possibilidade de integrarem uma conferencia em Viena onde poderão divulgar o trabalho. Luciana admite que a nomeação foi uma “enorme surpresa, muito agradável”, especialmente numa fase tão inicial.
E assume que a projecção decorrente de uma possível vitória é importante, especialmente tendo em conta que em Portugal ainda há muito a fazer no que diz respeito à cultura das bicicletas. “O que nós tentamos fazer com este projecto, não é, por exemplo, conseguir uma ciclovia nova nem nada disso, é mudar a mentalidade das pessoas”, explica.
Até porque “a mentalidade é o maior entrave”, neste momento. Num país onde a maioria das cidades não são planas, Luciana garante que grande parte das pessoas considera não ser possível incorporar as bicicletas no dia a dia — “o que não é verdade”, esclarece. “Plana ou não, qualquer cidade pode ser percorrida de bicicleta”. E para aqueles que ainda não estão convencidos, fica uma sugestão final. “Experimentem a Carma” e logo vêm.