Gaspar admite que o desemprego é o “problema mais grave” do país
Ministro das Finanças reconhece que “nem tudo está bem do lado macroeconómico" e diz que Portugal quer seguir a Irlanda “tão perto quanto possível”
Num discurso proferido na universidade Trinity College Dublin, Irlanda,Vítor Gaspar reconheceu que, em Portugal, “do lado macroeconómico nem tudo está bem” e destacou a quebra da actividade económica e o aumento do desemprego.
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Num discurso proferido na universidade Trinity College Dublin, Irlanda,Vítor Gaspar reconheceu que, em Portugal, “do lado macroeconómico nem tudo está bem” e destacou a quebra da actividade económica e o aumento do desemprego.
“O desemprego é o problema mais grave no meu país”, afirmou o ministro das Finanças, salientando o número de desempregados de longa duração, bem como a taxa de desemprego entre os jovens, que é de cerca de 40%. “A actividade económica baixou mais do que as estimativas do programa [de ajustamento] original e o desemprego aumentou”, disse.
Já esta manhã, Vítor Gaspar tinha afirmado que Portugal quer seguir de perto o exemplo da Irlanda no processo de regresso aos mercados e pretende emitir dívida a 10 anos. Disse ainda que Portugal enfrenta um conjunto de desafios, entre os quais compensar o impacto provocado pelo chumbo do Tribunal Constitucional a quatro normas do Orçamento do Estado deste ano.
Entre os desafios que Portugal tem pela frente está também o regresso ao mercado de dívida, algo que, explicou o ministro, o governo está a fazer “quase em paralelo” com a Irlanda. “Estamos a tentar seguir a Irlanda tão perto quanto possível”, disse, acrescentando que pretende fazer uma emissão de dívida a 10 anos.
Vítor Gaspar afirmou ainda que Portugal precisa de investimento, de reduzir a despesa pública e sublinhou a importância de manter o consenso político e social.
Durante a sua intervenção, o ministro apresentou uma breve retrospectiva histórica da economia portuguesa.
De acordo com Vítor Gaspar, entre 1995 e 2008, a economia portuguesa acumulou desequilíbrios. Neste contexto, o ministro citou o economista Olivier Blanchard que, em 2007, afirmou que Portugal enfrentava “sérios problemas”, entre os quais um défice orçamental elevado.
Mais tarde, entre 2008 e 2010, houve, segundo Vítor Gaspar, um erro na condução das medidas que foram concretizadas.
O ministro reiterou ainda que a primeira década de Portugal na zona euro foi caracterizada por um crescimento “anémico” e que, durante este período, a economia portuguesa acumulou um défice de competitividade.
Vítor Gaspar está em Dublin para participar nas reuniões informais do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro) e Ecofin (ministros das Finanças da União Europeia), que decorrerão na sexta-feira e no sábado, durante as quais será discutido o pedido de extensão dos prazos de maturidade dos empréstimos português e irlandês.
Na terça-feira, a agência de notícias Reuters noticiou, citando um documento interno, que a ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) recomenda que Portugal consiga uma extensão de sete anos para o prazo de pagamento do empréstimo.