Passos garante que saída de Relvas não "arrastará" a sua demissão e a queda do Governo

Primeiro-ministro reagiu com irritação às perguntas de António José Seguro sobre a demissão de Miguel Relvas. E confrontou-o com a "assombração" que paira sobre o PS, numa referência implícita ao regresso de José Sócrates ao palco mediático.

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Pedro Cunha / Arquivo

"Isso não arrastará nem a minha demissão nem a demissão do Governo", avançou o primeiro-ministro.

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"Isso não arrastará nem a minha demissão nem a demissão do Governo", avançou o primeiro-ministro.

Já antes, Passos garantia que a saída do seu braço-direito do Executivo "não cria instabilidade no Governo nem crise no país". Passos Coelho confirmou ter sido informado da decisão de Miguel Relvas há "várias semanas" e que o momento da saída se justificou "do ponto de vista pessoal". 

A resposta surgiu depois de António José Seguro ter questionado o primeiro-ministro sobre o que se passara nas "últimas horas". O secretário-geral do PS confrontou o chefe do Governo com a demissão numa altura em que o Executivo estava a negociar as maturidades da dívida portuguesa. "O momento que escolheram não cria nenhuma instabilidade na negociação", avaliou o socialista, classificando o sucedido como uma "irresponsabilidade".

Seguro acusou o primeiro-ministro de liderar um  "Governo em decomposição", confrontando-o com a contradição de não existir um substituto para Miguel Relvas se a demissão estava a ser discutida há semanas. "Isto é um Governo, senhor primeiro-ministro? O senhor não lidera nada", atirou Seguro.

Passos Coelho respondeu violentamente a Seguro, falando da "assombração que paira no PS", numa referência ao regresso de José Sócrates.

"Desertado o criador, o que resta à criatura?"
Mas foi em resposta a João Semedo, coordenador do BE, que o primeiro-ministro deu então o passo seguinte, ao ser confrontado, pela primeira vez no decorrer do debate quinzenal, com o relatório da Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) relativo ao processo de licenciatura de Miguel Relvas na Universidade Lusófona.

“Por que não demitiu o ministro Miguel Relvas?”, começou por interpelar João Semedo. E mais: “Por que é que ainda não encontrou um substituto?”

Passos Coelho responderia então que “o ministro Miguel Relvas não cometeu abuso nenhum, nem é suspeito nem envolvido de ter participado de qualquer forma em nenhuma irregularidade dentro da universidade”. Numa segunda resposta, Passos acusou Semedo de “cinismo político” e garantiu que não voltaria a responder “a nem mais uma questão sobre o assunto”.

A Inspecção-Geral da Educação “actuou da mesma maneira que teria actuado se qualquer outra pessoa estivesse envolvida” e "não caberá ao Governo julgar mais este processo, mas ao Ministério Público percorrê-lo dentro dos seus trâmites”, alegou ainda. 

Antes, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, questionou o chefe do Governo sobre a sua situação face à saída do seu “criador”, Miguel Relvas: "Disse que foi o principal obreiro da sua chegada a líder do PSD e ao Governo. Trata-se assim do criador da criatura. Desertado o criador, o que resta à criatura? Não acha que devia seguir o mesmo caminho, levando o Governo consigo?"