Coreia do Norte ameaça encerrar Kaesong e promete "esmagar" americanos

Trabalhadores do Sul voltaram a não poder entrar no Norte. Quarta-feira à noite, Pyongyang declarou que a guerra pode estar prestes a começar e que os americanos serão “esmagados”.

Foto
Camiões sul-coreanos à espera de entrarem em território do Norte para chegarem a Kaesong Reuters

As ameaças de encerramento do complexo juntam-se às declarações belicistas dos últimos dias, que conheceram na quarta-feira à noite um novo desenvolvimento: o anúncio da aprovação de um plano de operações militares, incluindo ataques nucleares.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As ameaças de encerramento do complexo juntam-se às declarações belicistas dos últimos dias, que conheceram na quarta-feira à noite um novo desenvolvimento: o anúncio da aprovação de um plano de operações militares, incluindo ataques nucleares.

O Estado-Maior do Exército da Coreia do Norte declarou num comunicado, segundo a agência oficial KCNA, ter informado oficialmente os Estados Unidos que os norte-americanos serão “esmagados” por “meio de ataque nuclear”. “A operação implacável” das forças norte-coreanas “foi definitivamente examinada e ratificada”, afirma o texto, segundo o qual a guerra pode começar “hoje ou amanhã”.

Na manhã desta quinta-feira, um jornalista da AFP constatou que 40 veículos com trabalhadores que esperavam autorização para atravessar a fronteira e irem para as suas empresas fizeram inversão de marcha quando lhes foi anunciada, por altifalante, que a passagem estava encerrada.

O ministério sul-coreano da Reunificação, encarregado dos assuntos intercoreanos, disse que no total seriam 526 os sul-coreanos que quiseram ir para Kaesong trabalhar, nesta quinta-feira.

Em Kaesong estão, segundo o ministério, 812 sul-coreanos que ali se encontravam quando, na quarta-feira, a Coreia do Norte anunciou a intenção de interromper os trajectos diários de trabalhadores do Sul para o complexo industrial. O Governo de Pyongyang indicou que os sul-coreanos são livres de partir para o seu país.

O bloqueio do complexo industrial é o novo elemento do braço-de-ferro da Coreia do Norte com a Coreia do Sul e os Estados Unidos, que subiu de tom na última semana, com declarações belicistas e ameaças de ataques.

“Se as marionetas sul-coreanas e os media conservadores continuarem a denegrir-nos, ordenaremos a todos os nossos operários que se retirem de Kaesong”, declarou o Comité do Norte para a reunificação pacífica da Coreia.

Um porta-voz  do comité citado pela KCNA assumiu que a eventual retirada dos trabalhadores seria uma medida de retaliação depois de o Governo da Coreia do Sul ter admitido a existência de um plano de emergência que inclui uma opção militar para proteger os trabalhadores sul-coreanos de Kaesong.

A agência sul-coreana Yonhap noticiou que o Norte deu um ultimato aos trabalhadores do Sul que se encontram em Kaesong para partirem até dia 10, mas o Governo de Seul desmentiu essa informação.

“Essas informações são erradas. As autoridades do Norte pediram simplesmente a várias empresas instaladas em Kaesong uma lista dos empregados que devem voltar a Seul até 10 de Abril”, declarou um porta-voz do ministério sul-coreano da Reunificação.

Pouco antes da o anúncio norte-coreano de ataque imininente, na quarta-feira, o  Departamento da Defesa dos Estados Unidos confirmou o envio de um sistema avançado de defesa antimíssil para a ilha de Guam, no Pacífico, em resposta às ameaças do uso de meios militares pela Coreia do Norte.

Kaesong, símbolo da cooperação entre os dois países, tornou-se no mais recente elemento de tensão na península coreana. Situado a dez quilómetros da fronteira, na Coreia do Norte, foi inaugurado em 2004. Foi apresentado como sinal de vontade de cooperação entre as duas Coreias.

O complexo tem estado sempre aberto, apesar das cíclicas crises nas relações bilaterais, e só esteve encerrado um único dia, em 2009, quanto Pyongyang bloqueou o acesso, em protesto contra manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.