Zygmunt Bauman e Naomi Wolf ajudam à Revolução, Ruptura, Renovação no Festival Literário da Madeira

Questionar o passado para construir um novo futuro. "Manifestemo-nos, pois, através da Arte". Mote para a 3ª edição do Festival Literário da Madeira, que arranca quarta-feira. Destaques para as presenças de Naomi Wolf e Zygmunt Bauman.

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Em entrevista ao Ípsilon, a publicar sexta-feira, Bauman discorreu sobre os labirintos que se apresentam hoje à Europa, dividida entre países do Norte e do Sul DR

Zygmunt Bauman, polaco a viver há muitos anos em Inglaterra, professor emérito de Sociologia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, é o criador da teoria da “modernidade líquida”, na qual sustenta que vivemos numa era de constante mudança e movimento.

Considerado um dos grandes pensadores da actualidade, vai participar em três painéis distintos, entre os quais se destaca uma conversa, no sábado, com o jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos sobre as mudanças e os desafios das novas gerações.

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Zygmunt Bauman, polaco a viver há muitos anos em Inglaterra, professor emérito de Sociologia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, é o criador da teoria da “modernidade líquida”, na qual sustenta que vivemos numa era de constante mudança e movimento.

Considerado um dos grandes pensadores da actualidade, vai participar em três painéis distintos, entre os quais se destaca uma conversa, no sábado, com o jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos sobre as mudanças e os desafios das novas gerações.

Em entrevista ao PÚBLICO (a publicar no suplemento Ípsilon de sexta-feira), Bauman discorreu sobre os labirintos que se apresentam hoje à Europa, dividida entre países do Norte e do Sul, entre Estados credores e Estados devedores, todos enredados no mesmo dilema, resultado de, segundo ele, "termos vivido nos últimos 30 anos na irrealidade, pensando que o crescimento era ilimitado e agora estamos em choque porque percebemos que não é."

Nesse contexto de conflito, como fazer então coincidir "política" e "poder", numa altura paradoxal em que os políticos têm de responder localmente perante os seus eleitores, quando os poderes difusos económicos são globais e, muitas vezes, fora do seu controle? Essa é também uma das temáticas abordadas no livro Europa Líquida, que acaba de ser lançado em Portugal pela Nova Delphi, resultante de uma série de entrevistas tidas com o italiano Giuliano Battiston.

Revolução, Ruptura, Renovação é o mote desta edição do Festival Literário da Madeira, que abre na quarta-feira com a escritora e jornalista Naomi Wolf, conhecida no início dos anos 1990 pelo seu livro O Mito da Beleza. A feminista norte-americana inaugura o festival num painel que tem por tema Manifesto à Arte. Entrará, depois, em conversa com o eurodeputado Rui Tavares. No ano passado publicou Vagina – A Cultural History, misto de memórias com história cultural e científica em torno da sexualidade feminina. Mas o mote para a sua ida à Madeira é a edição portuguesa, este ano, de O Fim da América – Carta de Aviso a um Jovem Patriota, editado pela Nova Delphi, que organiza o festival

Na sua programação o Festival inclui conferências e conversas com escritores, espectáculos, manifestações artísticas e visitas a escolas. Sobre a escolha do tema, a organização justifica: “Num momento socioeconómico particularmente delicado que muitos países atravessam, há que questionar o passado para construir um novo futuro. Manifestemo-nos, pois, através da Arte. Usando as palavras de Almada Negreiros: Basta pum basta!”.

Ao longo da semana existirão  Conversas Cruzadas (um modelo de debate com um moderador e quatro ou cinco oradores), que têm por base títulos de livros. São eles: A Arte de Morrer Longe (Mário de Carvalho), moderada por Cláudia Rodrigues, com João Tordo, Raquel Ochoa, Tiago Patrício e Tiago Salazar; A Arte de Lidar Com as Mulheres (Schopenhauer), moderada por Paula Moura Pinheiro, com Ana Luísa Amaral, Filipa Leal, Inês Fonseca Santos, João Paulo Cotrim e Waldir Araújo; A Arte da Guerra (Sun Tzu), moderada por Ricardo Miguel Oliveira, com Antonio Scurati, Carlos Vaz Marques, João Luís Barreto Guimarães e Pedro Mexia; A Arte da Libertação (Krishnamurti), moderada por Sílvio Fernandes, com Anselmo Borges, Gina Picart, Lídio Araújo e Tabish Kahir; e A Arte de Pagar as Suas Dívidas (Balzac), moderada por Carlos Vaz Marques, com Carlos Quiroga, Maria do Rosário Pedreira, Raquel Varela e Rui Zink.

O programa completo pode ser consultado aqui.