Papa Francisco lembra "a amada Síria" e condena "a ganância de quem procura lucros fáceis"
A Praça de São Pedro recebeu 250 mil pessoas para a primeira bênção Urbi et Orbi do novo líder da Igreja Católica.
"Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia", disse o Papa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia", disse o Papa.
Na noite de sábado, na Vigília Pascal, Francisco já tinha deixado um desafio aos que estão "longe" de Jesus Cristo – a quem é "indiferente" e a quem "parece difícil segui-lo". "Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer", disse o Papa na vigília da noite que antecedeu a primeira bênção Urbi et Orbi.
Na manhã deste domingo, o Papa Francisco apelou à "paz para o mundo inteiro", que "começa no Oriente Médio, especialmente entre israelitas e palestinianos, que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo".
Síria, Mali, Coreias...
Depois do apelo à "paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência", o Papa Francisco referiu-se com especial atenção à "amada Síria" e deixou o lamento, dirigido "à sua população vítima do conflito" e aos "numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto". "Já foi derramado tanto sangue... Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?”.
Deixou também palavras para o continente africano, para os “sangrentos conflitos” no Mali, na Nigéria, na República Democrática do Congo e na República Centro-Africana.
A tensão na península coreana também não foi esquecida, “para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação” entre o Norte e o Sul.
Ganância de quem procura lucros fáceis
A crise financeira mundial também mereceu especial atenção do Papa, traduzida em palavras que todos podem entender, como tem feito desde que deixou de ser apenas o cardeal argentino Jorge Bergoglio: “Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século XXI.”
No final, um apelo a todos os "amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo". "A todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: 'Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor'".