Papa critica padres "tristes" que se limitam a ser "coleccionadores de antiguidades"

Na missa crismal de Quinta-feira Santa, Francisco exortou os sacerdotes a levarem o Evangelho até às “periferias” e aos que “não têm nada de nada”.

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O Papa na missa crismal de Quinta-Feira Santa VINCENZO PINTO/AFP

Na homilia da missa crismal de Quinta-feira Santa, tradicionalmente usada pelo Papa para dar instruções ao clero, perante 1600 cardeais, padres e religiosos, o novo Papa exortou os sacerdotes a levarem o Evangelho até às “periferias” e aos que “não têm nada de nada”.

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Na homilia da missa crismal de Quinta-feira Santa, tradicionalmente usada pelo Papa para dar instruções ao clero, perante 1600 cardeais, padres e religiosos, o novo Papa exortou os sacerdotes a levarem o Evangelho até às “periferias” e aos que “não têm nada de nada”.

“O padre que não sai de si próprio, em vez de ser um mediador converte-se, pouco a pouco, num intermediário, num gestor”, lamentou. Com tal “insatisfação”, a “chamada crise de identidade sacerdotal ameaça-nos a todos e soma-se a uma crise de civilização”, acrescentou.

Francisco pediu aos padres para não serem “tristes” nem fechados sobre si próprios como “coleccionadores de antiguidades”. E apelou várias vezes ao clero para ir até “às periferias”: “onde há sofrimento, onde o sangue é derramado, há uma cegueira que deseja ver, há prisioneiros de tantos maus chefes”.

 “A unção” de Deus que o sacerdote é encarregado de transmitir “não se destina a nos perfumarmos a nós próprios, nem a ser conservada num recipiente, porque o óleo torna-se rançoso e o coração amargo”, disse numa crítica a um clero “auto-referencial” e fechado que já criticara numa intervenção que fez nas congregações gerais, reuniões preparatórias do conclave que o elegeu.

O Papa convidou os padres a não se desligarem do mundo: “Os nossos fiéis apreciam o Evangelho […] quando ele chega à sua vida quotidiana, quando ele ilumina situações limite, onde o povo fiel é exposto à invasão dos que querem destruir a sua fé”.

Francisco defendeu também a “beleza” da liturgia, tema sensível para os católicos tradicionalistas e para aqueles a quem não agrada que tenha abandonado alguns hábitos e ritos.

O Papa tem prevista na tarde desta quinta-feira a visita a jovens presos, numa cadeia de Roma. Numa cerimónia inserida nas celebrações da Semana Santa, lavará os pés a 12 de entre eles, de nacionalidades e confissões diversas.