A Ronda da Noite voltou ao seu lugar dez anos depois

Entre as mais celebradas obras da pintura mundial, o regresso da tela de Rembrandt à sua sala no Rijksmuseum de Amesterdão dá início à contagem decrescente para a reabertura do museu.

Fotogaleria

A viagem foi curta, mas sob apertado controlo técnico. Com mais de 3,5 metros por quatro, A Ronda da Noite, que originalmente deverá ter-se intitulado A Companhia do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch a Preparar-se para Avançar, foi transportada dentro de uma moldura de aço de mais de 300 quilos especialmente desenhada para este transporte.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A viagem foi curta, mas sob apertado controlo técnico. Com mais de 3,5 metros por quatro, A Ronda da Noite, que originalmente deverá ter-se intitulado A Companhia do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch a Preparar-se para Avançar, foi transportada dentro de uma moldura de aço de mais de 300 quilos especialmente desenhada para este transporte.

Dentro dessa moldura, a tela foi ainda protegida por uma camada de espuma isolante e uma cobertura equipada com sensores de temperatura e humidade concebida pela Philips para o primeiro translado, em 2003. Desta vez, por fora, uma impressão de um pormenor ampliado do quadro em que Rembrandt representou Frans Banning Cocq (vestido de preto) e Willem van Ruytenburch (de amarelo) à frente dos seus homens, membros das milícias civis conhecidas como Kloveniers.

Provavelmente dois mercadores ricos, Cocq e Ruytenburch, juntamente com 16 dos seus homens, terão encomendado e pago a obra que mostra 34 personagens, incluindo um percussionista e uma criança, uma menina de vestido amarelo, a cor da vitória.

Terminada em 1642, em plena época de ouro da pintura holandesa, a tela teve um percurso turbulento, que incluiu a perda de parte da superfície pictórica, vários centímetros que lhe foram retirados dos lados e do topo em 1715, quando foi transferido do Kloveniersdoelen, a sede das milícias, para o edifício da Câmara de Amesterdão. Com o tempo e a aplicação de vernizes, foi também escurecendo, ao ponto de, no século XVIII, ter passado a ser conhecido como A Ronda Nocturna, por se acreditar representar uma cena nocturna.   

Ao Rijksmuseum, a pintura, que originalmente terá medido quatro metros por cinco, chegou em 1885, quando a construção do museu foi concluída. A sala onde foi instalada, e a que agora regressa, passou então a ser conhecida como Nachtwachtzaal – a Sala da Ronda da Noite.

Até Dezembro de 2003, quando a imensa operação de reabilitação do museu ditou a sua mudança, só esteve fora desta sala durante a II Guerra Mundial, período em que foi retirada de exposição, enrolada e escondida a norte de Amesterdão. Em vários momentos, teve também que receber intervenções de restauro, depois de ser danificada por visitantes do museu, como aconteceu em 1975, quando um professor desempregado lhe fez vários rasgões em ziguezague com uma faca de pão.

O actual regresso à Nachtwachtzaal marca a contagem decrescente para a reabertura do Rijksmuseum, a 13 de Abril, depois de uma década de intervenções. Será a única das obras do museu trasladadas que voltará ao seu lugar original, no centro do edifício.