Este mundo não é para bichos
Caudalie, Yves Rocher, L 'Occitane, Avon, Estée Lauder e Mary Kay. Eis algumas das marcas que voltaram a testar cosméticos em animais para entrarem no mercado chinês
Achava eu, na minha modesta opinião, que neste mercado onde se movem as marcas de cosméticos existiam as que assumiam os testes em animais (L’Oréal, esta é para ti), as marcas “cruelty-free” e, por fim, as outras, as que trabalhavam para deixar de os fazer, a curto ou médio prazo. Ou pelo menos assim se dividiam, segundo a lista da PETA.
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Achava eu, na minha modesta opinião, que neste mercado onde se movem as marcas de cosméticos existiam as que assumiam os testes em animais (L’Oréal, esta é para ti), as marcas “cruelty-free” e, por fim, as outras, as que trabalhavam para deixar de os fazer, a curto ou médio prazo. Ou pelo menos assim se dividiam, segundo a lista da PETA.
Mas depois disto veio a China, que promulgou uma lei que proíbe a venda de cosméticos no seu reino sem que antes tenham sido testados em animais.
E quase como meretrizes de beira de estrada (sem ofensa para a profissão), marcas como a Caudalie, Yves Rocher, L 'Occitane, Avon, Estée Lauder e Mary Kay, após décadas de “no animal testing”, decidiram trocar príncipios por yuans.
A francesa L’Occitane, por exemplo, começa por explicar a sua posição de forma clara: “A L'Occitane nunca testou os seus produtos em animais”.
Mas a inocência que já não me caracteriza quis que eu lesse o comunicado até ao fim. E a meio, lá estava, a verdadeira posição: “A L'Occitane considera contraproducente privar o país mais populoso do mundo de produtos que não foram testados em animais”. Já no caso da Caudalie, continua a ler-se no site “We are against? animal testing”. Esqueceram-se de actualizar a informação, pobres incautos.
Entre os procedimentos mais conhecidos de testes em animais está o Draize, um teste de toxicidade aguda, que envolve a aplicação de uma substância na pele do animal. Com a finalidade de aferir a acção nociva de produtos químicos, os técnicos raspam a pele das cobaias - ou arrancam com recurso a fita adesiva em gestos repetidos - até que fique em carne viva.
Já no teste da irritação dos olhos, o animal é preso pelo pescoço, de forma a imobilizar-se, e não raras vezes são colocados clipes de metal nas pálpebras para evitar que os olhos se cerrem enquanto se gotejam as substâncias. Aqui o coelho albino é o preferido. Dizem que é mais barato e facilmente manuseável.
E podia continuar por aqui, a discorrer sobre uma sucessão infindável de actos ignóbeis que atentam contra a vida de um animal. Mas não vou fazê-lo.
Da Vinci - perdoem-me o cliché, mas a minha literacia não me permite mais - já havia dito: "Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade".
E agora ide em paz. Os que puderdes.