A aversão aos doces
José Tavares, economista e ex-gestor, decidiu atravessar o Atlântico num barco a remos. Sozinho. Durante quatro meses vai escrever para o PÚBLICO. Esta é a terceira crónica.
Se as emoções influenciam a realidade e os sonhos, por que não os sonhos influenciarem a realidade? Afortunadamente, a bem de minha sanidade, Jane diz também que “ainda que pouco frequente, o sonho pode ser apenas uma espécie de fantasia, com pouco significado”.
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Se as emoções influenciam a realidade e os sonhos, por que não os sonhos influenciarem a realidade? Afortunadamente, a bem de minha sanidade, Jane diz também que “ainda que pouco frequente, o sonho pode ser apenas uma espécie de fantasia, com pouco significado”.
Entre o sonho e a realidade pode estar a fantasia e pode estar o desejo. Paulo Coelho referia-se provavelmente a esse desejo quando (em “Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei”) escreveu: “Às vezes, a felicidade é uma bênção – mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia ajuda-nos a mudar, faz-nos ir em busca dos nossos sonhos”.
Eu tinha um ‘desejo’, mais do que um sonho, de viajar por mar… “uma grande viagem em autonomia”… Estes textos são o retrato desse desejo e da acção que pretende levar à sua possível concretização, bem como a um futuro livro.
Para a concretização deste desejo os patrocínios são um elemento essencial. Empresas que se reconheçam com a importância do tema ‘Alterações Climáticas’ (eficiência energética, zero emissões, energias alternativas, reciclagem, etc) e que podem contribuir para suprir a logística deste projecto são as que podem ter mais interesse em revelar ao público o seu lado ‘amigo do ambiente’ e a sua contribuição para um ‘Desenvolvimento Sustentável’.
Esta contribuição pode ser feita através de medidas directas de melhoria de eficiência (e redução) no consumo e exploração de recursos, tendentes a minimizar os impactos na natureza (eco-eficiência), ou de medidas que contribuam para a adequação de atitudes e comportamentos, como o apoio a projectos que contenham uma forte mensagem de alerta e sensibilização para o tema ‘alterações climáticas’, com um grande potencial de mediatização, como é o caso do presente.
Em que consiste o Projecto:
Seguir a rota de Pedro Álvares Cabral pelo oceano Atlântico até ao Brasil, numa homenagem aos navegadores portugueses e também aos aviadores pioneiros, Gago Coutinho e Sacadura Cabral (90 anos depois da sua tavessia); levar uma mensagem de alerta para o problema crescente das ‘Alterações Climáticas’, em geral, e da desflorestação da floresta amazónica, em particular, e lembrar a necessidade de recorrer a energias alternativas; estender ao povo brasileiro um abraço com votos do reforço dos laços que nos unem.
A rota será feita, remando em solitário, entre Marrocos/ilhas Canárias/Cabo Verde e Natal/Brasil, numa extensão de cerca de 4.500 km de oceano.
Estou a sul da Gran Canária. Nesta semana recordei a quantidade ingente de doces que levo a bordo (chocolates, marmelada, leite condensado, compota, nutela...). Mas ainda não lhes toquei! Não consumi nada disto! Com o movimento do barco, desperta-me a naúsea só de pensar em coisas doces para comer. Como me disse um pescador ao largo de Arinaga (Gran Canária): nada como o pão! Vou 'picando' o pão torrado e bolachas de água e sal, mas destas não trago muita quantidade (além de que aportam pouca energia). O problema é que, de uma dieta calculada para atingir as 4 mil calorias/dia, creio não estar a consumir sequer 2 mil calorias. Estou em perda clara. E nota-se!
As crónicas de José Tavares são financiadas no âmbito do projecto Público Mais