Banco de Portugal confirma previsão de recessão de 2,3%
Em vez de uma recessão de 1,9%, como previa há dois meses, o BdP aponta no Boletim Económico de Primavera para uma contracção mais forte da economia, em sintonia com as projecções do Governo.
A revisão das previsões tem em conta a deterioração da conjuntura e é ainda influenciada pelo agravamento da recessão nos últimos três meses do ano passado, com as implicações que essa evolução tem para este ano.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A revisão das previsões tem em conta a deterioração da conjuntura e é ainda influenciada pelo agravamento da recessão nos últimos três meses do ano passado, com as implicações que essa evolução tem para este ano.
Para 2014, mantém-se a previsão de crescimento, mas, ao contrário dos 1,3% esperados em Janeiro, o supervisor projecta um crescimento do PIB de 1,1%, com uma estabilização da procura interna e uma aceleração das exportações, de acordo com o Boletim Económico de Primavera, divulgado nesta terça-feira.
Para já, e embora a queda da procura interna seja menos acentuada do que em 2012, continuará em sentido negativo este ano. Em vez de uma diminuição de 4%, o BdP prevê agora um recuo de 4,2%. A queda do consumo privado deverá chegar a 3,8%, contra uma descida de 3,6% prevista em Janeiro.
Embora continue a haver uma queda da procura externa, o supervisor prevê um crescimento positivo das exportações, que, aliás, reviu ligeiramente em alta. Em vez de um aumento de 2%, o supervisor bancário conta que a saída de bens cresça 2,2%.
Num quadro de recessão na zona euro e de abrandamento da economia mundial, e tendo Portugal na Europa os seus principais parceiros comerciais, as previsões estão fortemente influenciadas pela evolução das exportações, que têm servido como motor da actividade numa economia deprimida onde a procura interna continua a recuar. As exportações têm estado a crescer mais do que a procura externa, o que tem permitido a Portugal ganhar quota de mercado, como aconteceu no ano passado.
As actuais previsões são conhecidas menos de 15 dias depois de o executivo de Pedro Passos Coelho, forçado por uma conjuntura mais negativa, anunciar alterações profundas às metas do défice. Para este ano, em vez de 4,5% do PIB, o objectivo do défice sobe para 5,5% (afastando-se dos 3% previstos no memorando inicial da troika). E no próximo ano, em vez de estar obrigado a cumprir um défice de 2,5%, o Governo tem no horizonte um objectivo défice de 4%.
As projecções do BdP, liderado por Carlos Costa, têm apenas em conta as medidas de consolidação orçamental previstas no Orçamento do Estado para 2013, deixando de fora eventuais medidas adicionais que o Governo seja obrigado a tomar, mesmo em relação ao próximo ano.
A evolução da economia, nota o supervisor bancário, continua condicionada pelas medidas de consolidação orçamental e pelo processo de ajustamento económico, com implicações negativas no mercado de trabalho.