James Cameron oferece submersível com que mergulhou na fossa das Marianas

Cineasta tornou-se há um ano a primeira pessoa a mergulhar sozinha na zona mais profunda do planeta, coberta por quase 11 quilómetros de água.

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James Cameron junto ao submersível Deepsea Challenger Mark Thiessen/AFP

A aventura de James Cameron completa agora um ano e ele assinalou a data com o anúncio da oferta do veículo esverdeado em forma de torpedo. Nele, levou apenas duas horas e 36 minutos a chegar ao ponto mais profundo da fossa das Marianas, conhecido por Challenger Deep.

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A aventura de James Cameron completa agora um ano e ele assinalou a data com o anúncio da oferta do veículo esverdeado em forma de torpedo. Nele, levou apenas duas horas e 36 minutos a chegar ao ponto mais profundo da fossa das Marianas, conhecido por Challenger Deep.

Esta fossa surge a leste das ilhas Marianas e acompanha paralelamente o arquipélago ao longo de 2,5 quilómetros. É estreita e íngreme e o Challenger Deep, uma mera ranhura a 10,9 quilómetros, fica a sul da ilha de Guam, um território administrado pelos Estados Unidos. Foi descoberto em 1951, numa expedição do navio britânico Challenger II − e logo em 1960 dois homens, o oceanógrafo suíço Jacques Piccard e o tenente norte-americano Don Walsh, aventuraram-se a mergulhar até lá, indo a bordo do batíscafo Trieste, da Marinha dos Estados Unidos. Mas Cameron, apaixonado pelas coisas do mar, ou não tivesse sido o realizador de filmes como o Titanic e O Abismo, regressou 52 anos depois à solidão daquelas profundezas – mas a solo.

O realizador canadiano quis fazer um documentário sobre este local no fim da Terra, um projecto com a National Geographic Society, ele que tem ainda no currículo expedições aos destroços do navio alemão Bismarck e às fontes hidrotermais, emanações de água quente a grande profundidade no Atlântico e Pacífico. Lá em baixo, Cameron esteve cerca de quatro horas com o Deepsea Challenger, de sete metros de comprimento, que, para além do seu habitáculo esférico metálico, resistente à enorme pressão, tem holofotes potentes que iluminam o cenário das filmagens, câmaras de vídeo, máquinas fotográficas e instrumentos de recolha de água, sedimentos, rochas e animais. E no regresso, segundo a BBC online, comentou: “É sem dúvida o local mais remoto e isolado do planeta. Sinto que num único dia estive noutro planeta e voltei.”

Agora partes do Deepsea Challenger – que é, aliás, a casa do famoso submersível de investigação Alvin, que nos Açores permitiu descobrir as primeiras fontes hidrotermais profundas no início da década de 1990 – irão ser utilizadas noutros veículos pertencentes à Woods Hole. As luzes e as câmaras, por exemplo, serão instaladas no Nereus, que não é tripulado e em 2009 já tinha mergulhado na fossa das Marianas. As tecnologias desenvolvidas para o mergulho nas Marianas, desde sistemas de flutuação, armazenamento de energia, câmaras e luzes, serão também incorporadas em futuros veículos de investigação e expedições no mar profundo.

Documentário no fim do ano
Poderá mergulhar no futuro? “Adoraria manter o Deepsea Challenger continuamente operacional. Para já, vai ficar o que chamo ‘potencialmente operacional’. A maneira de fazer isto é preservar o equipamento, o que faremos, mas mais importante é preservar a cultura de engenharia”, garante Cameron, citado ainda pela BBC online. “Os sete anos que passámos a conceber e construir o Deepsea Challenger foram dedicados a alargar as opções dos investigadores do mar profundo. O nosso submersível é uma prova científica de que este conceito funciona e a nossa parceria com a Woods Hole é uma maneira de fornecer a tecnologia que desenvolvemos à comunidade científica”, diz ainda Cameron, num comunicado da instituição oceanográfica. 

Na próxima reunião anual da União Geofísica Americana, no Outono, em São Francisco, serão divulgados os resultados científicos preliminares da expedição. Para já, David Gallo, director de projectos especiais da Woods Hole, revela que há pelo menos 68 espécies novas – “a maioria são bactérias, alguns anfípodes e possivelmente um novo pepino-do-mar e este número pode subir”.

Também a estreia do documentário Deepsea Challenge 3D está prevista lá para o fim do ano. Ficamos a aguardar que nos transporte, com o realismo das imagens tridimensionais, ao mais profundo local na Terra.