A tua bicla sabe dançar? O Imaginarius diz que sim

A tua bicicleta pode bailar e transmitir poesia. Também há melodias que vão sair das peças dessa viatura que, afinal de contas, é um “bicho social”. O baile fecha o próximo Imaginarius

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Para este espectáculo é necessário tudo o que diga respeito a este veículo de duas rodas. A bicicleta inteira, com tudo no sítio, e as peças que deixaram de ter utilidade – leia-se faróis, pedais, rodas, buzinas, correntes, cestos, campainhas. O que anda pelas prateleiras da garagem a ganhar pó. Para quê?

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Para este espectáculo é necessário tudo o que diga respeito a este veículo de duas rodas. A bicicleta inteira, com tudo no sítio, e as peças que deixaram de ter utilidade – leia-se faróis, pedais, rodas, buzinas, correntes, cestos, campainhas. O que anda pelas prateleiras da garagem a ganhar pó. Para quê?

O Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira quer olhar para a bicicleta por outras perspectivas e ângulos, com respeito por uma espécie de símbolo de novas maneiras, muito próprias e alternativas, de habitar a cidade. A sua relação com o mundo e com o espaço é assim explorada no Baile das Bicycletas que fecha o pano do Imaginarius a 26 de Maio.

Os ensaios começaram na Feira e estão abertos a maiores de 16 anos que desconfiam que a sua bicicleta tem muito para dar. Ana Isa Alves tem 17 anos. Limpou o pó à bicicleta vermelha – vermelha pelo Benfica –, desenferrujou as pernas e fez-se à estrada para participar nesse baile pouco convencional. “É um projecto inovador, diferente, criativo, que dá asas à nossa imaginação”, conta ao P3.

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Inês Pinho e Vânia Costa

Reviver a infância sobre duas rodas

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Inês Pinho e Vânia Costa

Anda-se de bicicleta, improvisa-se, constroem-se histórias, percebe-se o que se pode ou não fazer com as peças da viatura que serão transformadas em instrumentos musicais numa banda-sonora que está a ser trabalhada. Ana Isa está contente por recuar alguns anitos, poucos, na sua vida. “É uma oportunidade de revivermos a nossa infância. As pessoas estão acostumadas a andar de carro e esqueceram-se da importância de andar de bicicleta”.

José Carlos está habituado a andar de bicicleta. Chega ao ensaio com a sua viatura preta e confessa que está a gostar da experiência que vai ainda no início. Aos 42 anos, começa a descobrir que a sua bicla tem muito mais para dizer do que algum dia imaginou. Nunca suspeitou que haveria poesia nesse meio de transporte de dar aos pedais. E que a bicla poderia dançar. “É uma coisa completamente diferente, que não estava habituado a fazer”. A sua relação com a bicicleta nunca mais será a mesma.

As bicicletas têm inúmeras potencialidades artísticas. É exactamente isso que Patrick Murys, director artístico do projecto, anda a demonstrar nos ensaios. A bicicleta como ponto central da dramaturgia, como metáfora de viver o mundo, como “o chão de partida”. Patrick quer ouvir o que os participantes têm para contar para perceber até que ponto as suas histórias podem fazer parte do Baile das Bicycletas.

A poesia que pode sair desse “bicho social” - como Murys baptizou as biclas -, as músicas que as suas peças podem criar, como se pode “reinventar a relação com as bicicletas”. Tudo importa, tudo interessa. O espectáculo será uma espécie de “deambulação” que parte da alameda do tribunal em direcção ao rossio da cidade da Feira. Haverá muito para contar nesse percurso. “Vamos criar momentos de encontros, de olhar olhos nos olhos”, revela o director artístico, levantando a pontinha do véu.

A arca das bicicletas, isto é, o centro de recolha dos materiais, veículos usados e peças respectivas, funciona no antigo matadouro municipal da Feira que está aberto aos sábados entre as 10h00 e as 12h00. Os materiais usados podem também ser deixados no gabinete de Desporto da Câmara da Feira, de segunda a sexta-feira das 9h00 às 17h00, ou em qualquer das 31 juntas de freguesia do concelho. Carlos Batista tira todas as dúvidas através do 93 8781088.