Bruno de Carvalho é o novo presidente do Sporting
Voz de oposição nos últimos dois anos, o empresário recolheu a confiança dos sportinguistas. Afluência recorde às urnas fez deste o terceiro acto eleitoral mais participado de sempre em Alvalade.
No segundo lugar ficou José Couceiro com 45,35% (38.327 votos), correspondendo a 5928 sócios (39,46% do total). No último lugar ficou Carlos Severino com 1,02% (863 votos), correspondendo a 150 sócios (1% do total).
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No segundo lugar ficou José Couceiro com 45,35% (38.327 votos), correspondendo a 5928 sócios (39,46% do total). No último lugar ficou Carlos Severino com 1,02% (863 votos), correspondendo a 150 sócios (1% do total).
Os resultados foram anunciados pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, Eduardo Barroso, pouco depois das 2h da manhã, que salientou o facto de os resultados serem ainda provisórios, uma vez que falta contabilizar os votos por correspondência que ainda chegarão a Alvalade.
No entanto, José Couceiro, segundo candidato mais votado, já assumiu a derrota. "Desejei-lhe [a Bruno de Carvalho], caso se se confirmarem resultados, que tenha excelente mandato”, disse, citado pela agência Lusa. “É necessário alguma serenidade, bom senso e unidade . Problemas levantados na campanha são os que continuam a existir e têm de ser resolvidos”, lembrou Couceiro. "O Sporting não precisa de ter oposições internas”.
O terceiro candidato, Carlos Severino, alertou o novo presidente para a “grande responsabilidade de dirigir o Sporting, na atual situação grave que o clube vive” e disse que ele e a sua equipa estão à disposição de Bruno de Carvalho para o "ajudar a resgatar o Sporting do buraco em que se encontra".
Dois anos depois de ter perdido para Godinho Lopes, numas eleições muito renhidas, Bruno de Carvalho vai assumir a presidência do Sporting. À segunda, os sócios “leoninos” premiaram a persistência do empresário, que nunca desapareceu de cena. De forma consistente, Bruno de Carvalho foi a voz da oposição à liderança cessante - e foi neste sábado escolhido para um mandato que, se tudo correr normalmente, durará até 2016. Algo que não tem acontecido ultimamente: para além de Godinho Lopes, também José Eduardo Bettencourt não chegou ao fim do mandato.
Num acto eleitoral que foi o terceiro mais concorrido da história do Sporting, Bruno de Carvalho superou José Couceiro e Carlos Severino, os outros dois candidatos à presidência. De acordo com os dados divulgados pelo clube, a votação deste sábado ultrapassou a de 2011, quando foi eleito Godinho Lopes. Nessa altura votaram 14.619 sócios, quando até às 19h deste sábado tinham votado presencialmente 13.200, mais 1500 por correspondência. Números apenas superados em duas ocasiões, na história do Sporting: 1988, quando foi eleito Jorge Gonçalves e votaram 17.093 sócios, e 1989, na eleição de Sousa Cintra, em que se manifestaram 15.299 associados. “A votação electrónica decorreu com toda normalidade e sem qualquer contratempo”, disse à Lusa uma fonte da mesa da assembleia-geral.
No entanto, durante a contagem dos votos terão surgido vários problemas, que atrasaram a divulgação dos resultados finais da eleição. A existência de votos duplicados (sócios que votaram por correspondência e depois o voltaram a fazer presencialmente) comprometeu o apuramento final. Antes de serem anunciados oficialmente os resultados, tinham-se registado incidentes entre adeptos, junto à sede da claque Juventude Leonina. Nada que se compare com o verificado há dois anos, quando os desacatos implicaram a intervenção da polícia de choque.
A missão que Bruno de Carvalho tem pela frente é tudo menos fácil. O passivo acumulado do Sporting ascende a 430 milhões de euros e a situação financeira do clube é no mínimo delicada. Daí que a prioridade na agenda do presidente eleito passa por se reunir com a banca. “Segunda-feira de manhã estarei a pedir reuniões para sexta-feira, com os bancos, e à tarde começarei em reuniões na academia já com Jesualdo Ferreira, com a equipa técnica e com todos os técnicos e atletas”, dizia, citado pela agência Lusa, depois de ter votado. “Na terça-feira reunir-me-ei com funcionários do clube e departamentos, na quarta será com as modalidades e com as pessoas que estão encarregadas do canal Sporting, do site e do jornal, na quinta com os actuais parceiros, na sexta estaremos a reunir-nos com os bancos, de manhã, e à tarde a direcção vai fazer uma súmula de tudo aquilo que apurámos para programar a semana seguinte”, explicou, embora sexta-feira seja feriado.
Horas antes do anúncio do novo presidente e mesmo sendo dia de eleições, os candidatos não deram tréguas e houve críticas no ar. O mais duro foi Carlos Severino, que acusou José Couceiro de mentir: “Não lhe pedi emprego nenhum. Um vice-presidente da minha lista falou com ele e tentou demovê-lo, para que aceitasse trabalhar na SAD, com um cargo que acho que tinha competência para exercer”, explicou. “Após este acto eleitoral, um novo ciclo irá abrir-se, um ciclo diferente. Após o acto eleitoral, as listas devem diluir-se, o processo eleitoral acabou e nesse sentido devemos estar unidos para podermos devolver o Sporting aos níveis que todos nós pretendemos”, sublinhou Couceiro.
Durante o dia, os ex-dirigentes que foram passando por Alvalade repetiram apelos à unidade do Sporting. “Espero que o futuro traga ao Sporting unidade e qualidade. Gostava que quem vencesse chegasse ao fim do mandato”, disse o presidente cessante, Godinho Lopes.