Guerra de petições a favor e contra “regresso” de Sócrates
A cada hora, são aos milhares os novos subscritores da petição contra a presença regular do ex-primeiro-ministro na RTP. Em resposta, surgiu uma petição a favor.
A presença regular do antigo governante socialista na emissão do canal público não é bem-vista por quem subscreve o texto desta petição. “Nós, cidadãos e contribuintes portugueses, declaramos por este meio que recusamos a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates em qualquer programa da RTP”, começa por ler-se.
O texto é curto, mas inclui ataques a José Sócrates nas duas frases do seu único parágrafo. Numa, acusam-no de “má gestão” e de ser o culpado pela situação dos “contribuintes que sofrem”. Noutra, de “actos de despesismo e gestão danosa”. Os autores da petição temem que estes “actos” sejam alvo de “branqueamento” pelo próprio na RTP.
“Recusamos liminarmente o branqueamento das acções deste senhor através da TV dos actos de despesismo e gestão danosa, que fez com este país andasse para trás, e não para a frente”, lê-se ainda. Os subscritores lembram, como agravantes, que a RTP “é paga com dinheiros públicos dos contribuintes que sofrem do resultado da má gestão deste senhor”.
Paulo César Lála de Freitas e Rui Alexandre Parente Rosa Moreira são os primeiros signatários numa lista que não pára de crescer. A cada hora, os novos subscritores contabilizam-se aos milhares. O documento é dirigido aos deputados da Assembleia da República e ao presidente da administração da RTP, Alberto da Ponte.
O primeiro subscritor, Paulo Freitas, sublinhou ao PÚBLICO que "a petição é fruto do que muitos portugueses sentem e pensam, que não concordam com a vinda do ex-primeiro-ministro para comentador, depois de ter sido precursor de políticas despesistas, que levaram o país a pedir um resgate internacional". "Perante esta situação, é inadmissível que sejam tolerados em televisão pública, paga por todos os contribuintes, comentários de alguém que já provou não ter capacidade para governar", acrescentou ainda este operador portuário, de 33 anos, numa declaração por escrito.
Em defesa do contraditório
Entretanto, “um grupo de cidadãos” lançou uma segunda petição, “a favor da presença de Sócrates na RTP”, lembrando “um princípio fundamental” de um “Estado democrático e de Direito”: “o princípio do contraditório, o princípio da defesa quer do bom nome quer das opções tomadas”. O número de signatários era, às 15h45 desta quinta-feira, de 686 – um número muito aquém dos 37.138 que, à mesma hora, subscreviam a petição contrária.
“[F]ace aos ataques que têm sido feitos, nomeadamente por este Governo, encontrando um ‘bode expiatório’ para encobrir todo o seu falhanço, e a ausência atroz de contraditório que reponha a verdade dos factos (o que significa reconhecer os erros que foram feitos mas também os benefícios nos vários domínios que foram alcançados), defendemos que é de todo o direito e interesse que o principal visado tenha a oportunidade de se defender”, lê-se neste segundo documento. O “principal visado” é José Sócrates.
“Acreditamos que vivemos num Estado democrático, cujos valores devem ser defendidos e praticados”, continua o texto, para logo a seguir sublinhar a actualidade da famosa citação “Não concordo com o que diz, mas defenderei até à morte o seu direito de o dizer”, que atribui erradamente a Voltaire, como é comum – a sua autora é, na verdade, a inglesa Evelyn Beatrice Hall, que no início do século passado escreveu uma biografia do filósofo francês, onde essa frase se encontra como uma ilustração do pensamento de Voltaire.
O “regresso” de Sócrates é também um dos temas em debate nas redes sociais. No Twitter, a conversa – que decorre a um ritmo em que é possível acompanhá-la na íntegra – está centrada na hashtag #Sócrates. No Facebook, foram já criadas três páginas, três grupos abertos e dois eventos com a mesma finalidade – protestar contra a futura presença semanal de Sócrates na RTP –, mas sem grande adesão até ao momento da publicação desta notícia.
A novidade na grelha da RTP foi avançada pelo Diário de Notícias, adiantando que Sócrates não receberá qualquer remuneração. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo director de Informação da RTP, Paulo Ferreira: “Confirmo que José Sócrates e Nuno Morais Sarmento vão ter um programa de comentário político, em horário nobre, a partir de Abril".
Sócrates – que tem estado em Paris desde que saiu do Governo, em Junho de 2011 – e Morais Sarmento, ministro nos Governos PSD/CDS liderados por Durão Barroso e Santana Lopes, terão programas semanais com formatos semelhantes, mas em dias diferentes. Os comentadores deverão falar durante 25 minutos, a seguir ao Telejornal.
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A presença regular do antigo governante socialista na emissão do canal público não é bem-vista por quem subscreve o texto desta petição. “Nós, cidadãos e contribuintes portugueses, declaramos por este meio que recusamos a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates em qualquer programa da RTP”, começa por ler-se.
O texto é curto, mas inclui ataques a José Sócrates nas duas frases do seu único parágrafo. Numa, acusam-no de “má gestão” e de ser o culpado pela situação dos “contribuintes que sofrem”. Noutra, de “actos de despesismo e gestão danosa”. Os autores da petição temem que estes “actos” sejam alvo de “branqueamento” pelo próprio na RTP.
“Recusamos liminarmente o branqueamento das acções deste senhor através da TV dos actos de despesismo e gestão danosa, que fez com este país andasse para trás, e não para a frente”, lê-se ainda. Os subscritores lembram, como agravantes, que a RTP “é paga com dinheiros públicos dos contribuintes que sofrem do resultado da má gestão deste senhor”.
Paulo César Lála de Freitas e Rui Alexandre Parente Rosa Moreira são os primeiros signatários numa lista que não pára de crescer. A cada hora, os novos subscritores contabilizam-se aos milhares. O documento é dirigido aos deputados da Assembleia da República e ao presidente da administração da RTP, Alberto da Ponte.
O primeiro subscritor, Paulo Freitas, sublinhou ao PÚBLICO que "a petição é fruto do que muitos portugueses sentem e pensam, que não concordam com a vinda do ex-primeiro-ministro para comentador, depois de ter sido precursor de políticas despesistas, que levaram o país a pedir um resgate internacional". "Perante esta situação, é inadmissível que sejam tolerados em televisão pública, paga por todos os contribuintes, comentários de alguém que já provou não ter capacidade para governar", acrescentou ainda este operador portuário, de 33 anos, numa declaração por escrito.
Em defesa do contraditório
Entretanto, “um grupo de cidadãos” lançou uma segunda petição, “a favor da presença de Sócrates na RTP”, lembrando “um princípio fundamental” de um “Estado democrático e de Direito”: “o princípio do contraditório, o princípio da defesa quer do bom nome quer das opções tomadas”. O número de signatários era, às 15h45 desta quinta-feira, de 686 – um número muito aquém dos 37.138 que, à mesma hora, subscreviam a petição contrária.
“[F]ace aos ataques que têm sido feitos, nomeadamente por este Governo, encontrando um ‘bode expiatório’ para encobrir todo o seu falhanço, e a ausência atroz de contraditório que reponha a verdade dos factos (o que significa reconhecer os erros que foram feitos mas também os benefícios nos vários domínios que foram alcançados), defendemos que é de todo o direito e interesse que o principal visado tenha a oportunidade de se defender”, lê-se neste segundo documento. O “principal visado” é José Sócrates.
“Acreditamos que vivemos num Estado democrático, cujos valores devem ser defendidos e praticados”, continua o texto, para logo a seguir sublinhar a actualidade da famosa citação “Não concordo com o que diz, mas defenderei até à morte o seu direito de o dizer”, que atribui erradamente a Voltaire, como é comum – a sua autora é, na verdade, a inglesa Evelyn Beatrice Hall, que no início do século passado escreveu uma biografia do filósofo francês, onde essa frase se encontra como uma ilustração do pensamento de Voltaire.
O “regresso” de Sócrates é também um dos temas em debate nas redes sociais. No Twitter, a conversa – que decorre a um ritmo em que é possível acompanhá-la na íntegra – está centrada na hashtag #Sócrates. No Facebook, foram já criadas três páginas, três grupos abertos e dois eventos com a mesma finalidade – protestar contra a futura presença semanal de Sócrates na RTP –, mas sem grande adesão até ao momento da publicação desta notícia.
A novidade na grelha da RTP foi avançada pelo Diário de Notícias, adiantando que Sócrates não receberá qualquer remuneração. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo director de Informação da RTP, Paulo Ferreira: “Confirmo que José Sócrates e Nuno Morais Sarmento vão ter um programa de comentário político, em horário nobre, a partir de Abril".
Sócrates – que tem estado em Paris desde que saiu do Governo, em Junho de 2011 – e Morais Sarmento, ministro nos Governos PSD/CDS liderados por Durão Barroso e Santana Lopes, terão programas semanais com formatos semelhantes, mas em dias diferentes. Os comentadores deverão falar durante 25 minutos, a seguir ao Telejornal.