“É impossível aplicar o modelo do Barcelona no Sporting”

Terceira entrevista aos candidatos ao Conselho Directivo do Sporting. José Couceiro é o líder da Lista C.

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José Couceiro defende a aposta na formação Enric Vives-Rubio

Não considera importante o clube manter a maioria de capital da SAD?
O ideal seria dispersar o capital desta sociedade, com vários investidores envolvidos, de forma ao clube manter o controlo da gestão. Esse exemplo já existe em Portugal, com a SAD do FC Porto. Mas eu não acredito que haja um investidor interessado em meter muito dinheiro nesta sociedade e aceite não ter controlo nenhum. De qualquer maneira, qualquer decisão sobre esta matéria terá de ser aprovada em assembleia geral. Os nosso associados podem preferir ir para a insolvência e, nesse caso, o clube tem de estar preparado para assumir essa decisão. Podem haver soluções intermédias, mas, a renegociação da dívida será sempre fundamental nesses casos. Digo de uma forma muito clara que todas as hipóteses têm de estar em aberto.

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Não considera importante o clube manter a maioria de capital da SAD?
O ideal seria dispersar o capital desta sociedade, com vários investidores envolvidos, de forma ao clube manter o controlo da gestão. Esse exemplo já existe em Portugal, com a SAD do FC Porto. Mas eu não acredito que haja um investidor interessado em meter muito dinheiro nesta sociedade e aceite não ter controlo nenhum. De qualquer maneira, qualquer decisão sobre esta matéria terá de ser aprovada em assembleia geral. Os nosso associados podem preferir ir para a insolvência e, nesse caso, o clube tem de estar preparado para assumir essa decisão. Podem haver soluções intermédias, mas, a renegociação da dívida será sempre fundamental nesses casos. Digo de uma forma muito clara que todas as hipóteses têm de estar em aberto.

O saneamento do Sporting e da sua SAD vão implicar um jejum de títulos?
Não necessariamente. A experiência que eu tenho diz-me que o futebol tem muitas componentes aleatórias. O Sp. Braga é um exemplo disso mesmo, poderia ter sido campeão há dois anos. A dimensão do Sporting é superior e é possível instituir uma dinâmica de vitória e suportada pela sua grande massa associativa. Somos muitos. Agora, as probabilidades dos nossos dois concorrentes directos [FC Porto e Benfica] estarem à nossa frente é evidente que é grande. É preciso ser realista, eles têm vantagem, neste momento.

E esse fosso vai alargar-se?
Não faço essa leitura. Pode não ser imediatamente, mas vamos encurtar as diferenças competitivas. No futebol há mais hipóteses de se recuperar mais rapidamente do que em outras áreas. Mas teremos de ter o nosso próprio modelo e identidade.

Essa identidade passa pela aposta na formação?
Sim, mas quando oiço sugestões para se aplicar no Sporting o modelo do Barcelona… É impossível aplicar esse modelo aqui, porque temos de admitir que não conseguimos manter jogadores até ao final das respectivas carreiras, como acontece no Barcelona com o Xavi, Iniesta ou o Puyol… Agora precisamos de jogadores que dêem estabilidade à nossa equipa e isso demora. Jogadores que estejam vários anos na equipa principal e não estou a falar de atletas de classe mundial, o que é muito mais complicado. Mas outros, que não tendo esse nível, são jogadores importantes para serem mantidos mais tempo no clube. São eles que vão de facto representar o ADN do Sporting.

É recorrente falar-se na aposta da formação no Sporting. Desde que foi apresentado o projecto Roquette que ela foi encarada como uma base para a sustentabilidade do futebol profissional do clube…
Não estava a falar só do futebol… Mas aí também cometemos muitos erros. O número máximo de jogadores da formação que estiveram no plantel profissional foi de 38%. Foi com o Paulo Bento como treinador. Este ano voltaram a ter peso, mas por necessidade e eu não quero que este seja o principal motivo para a promoção destes jogadores. Não faz sentido ter uma academia se a estratégia não for descobrir o ‘produto’, transformá-lo, potenciá-lo e levá-lo à primeira equipa que é a grande montra. Só aí o investimento será rentabilizado, com o tempo e estabilidade necessários.

Nestas eleições estão apenas em condições de votar 32 mil sócios, os únicos com as quotas em dia. Que reflexão faz disto?
É exemplificativo do estado a que chegou o clube, infelizmente. Demonstra a dissociação que existe entre os adeptos e o clube. Isso reforça a minha ideia de que, depois do acto eleitoral, o Sporting tem de estar unido.

Notícia corrigida às 22h09 corrigindo o nome de um dos concorrentes directos do Sporting referidos por José Couceiro