Francisco pede aliados a todas as religiões e entre os não crentes

A luta pela justiça, paz e ambiente precisa de todos os que procuram “a verdade, a bondade e a beleza”, diz o Papa.

Foto
Francisco recebeu o Patriarca Ecuménico Bartolomeu OSSERVATORE ROMANO/AFP

Francisco, eleito na semana passada como o primeiro Papa não europeu dos últimos 1300 anos, encontrou-se nesta quarta-feira não só com líderes de Igrejas cristãs não católicas (ortodoxos, anglicanos, luteranos e metodistas), mas também com judeus, muçulmanos, budistas e hindus.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Francisco, eleito na semana passada como o primeiro Papa não europeu dos últimos 1300 anos, encontrou-se nesta quarta-feira não só com líderes de Igrejas cristãs não católicas (ortodoxos, anglicanos, luteranos e metodistas), mas também com judeus, muçulmanos, budistas e hindus.

“A Igreja Católica está consciente da importância de aprofundar o respeito pela amizade entre homens e mulheres de diferentes tradições religiosas”, disse o Papa argentino durante uma audiência no Vaticano.

Falando em italiano na Sala Clementina, Francisco afirmou que os membros de todas as religiões e mesmo os não-crentes têm de reconhecer a sua responsabilidade conjunta “para com o nosso mundo, para com toda a criação, que temos que amar e proteger”. “Temos que fazer muito para o bem dos mais pobres, dos fracos, dos que estão a sofrer, temos que favorecer a justiça, promover a reconciliação e construir a paz.”

O Papa pediu a todos os que estavam presentes na audiência para lutarem contra “uma visão unidimensional da pessoa humana, segundo a qual um homem é reduzido àquilo que produz e àquilo que consome”, e que considera ser “uma das armadilhas mais perigosas do nosso tempo”.

Embora a história tenha mostrado que qualquer tentativa para eliminar Deus tenha produzido “muita violência”, Francisco estendeu a mão a todos aqueles que, não pertencendo a nenhuma religião, procuram “a verdade, a bondade e a beleza”. “Eles são os nossos preciosos aliados no compromisso para defender a dignidade humana, construir uma coexistência mais pacífica entre as pessoas e para cuidar da natureza com carinho”, explicou.

“Entusiasmo, optimismo e esperança”, resumiu o rabi David Rosen para descrever o que sentiu ao ouvir as palavras do novo Papa. Um sentimento que, segundo o jornalista da Reuters presente na audiência, foi unânime entre os presentes.

Antes da audiência, o Papa teve um encontro privado com o Patriarca Ecuménico Bartolomeu de Istambul, que na terça-feira assistiu à missa inaugural de Francisco. Foi a primeira vez que o líder espiritual dos cristãos ortodoxos marcou presença numa celebração como aquela de um papa em Roma desde o Grande Cisma entre a cristandade ocidental e oriental em 1054.