Atentado em Bassorá é o último de uma vaga que ameaça desestabilizar o Iraque
A dias do décimo aniversário da invasão americana do Iraque, o país continua a pagar em sangue o preço da guerra. Radicais próximos da Al-Qaeda aproveitam revolta dos sunitas contra Governo de Maliki.
“Fui projectado para trás pela explosão. Levantei-me e corri para ajudar as vítimas”, contou à Reuters um motorista de autocarro, com a roupa branca manchada de sangue. O veículo armadilhado explodiu ao final da manhã num terminal de Garmat Ali, um subúrbio a norte de Bassorá, no coração dos campos petrolíferos do Sul do Iraque. Pouco antes, um outro carro explodiu no parque de estacionamento de um edifício governamental, no centro da cidade sem fazer vítimas, disse à AFP um responsável pela segurança da província.
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“Fui projectado para trás pela explosão. Levantei-me e corri para ajudar as vítimas”, contou à Reuters um motorista de autocarro, com a roupa branca manchada de sangue. O veículo armadilhado explodiu ao final da manhã num terminal de Garmat Ali, um subúrbio a norte de Bassorá, no coração dos campos petrolíferos do Sul do Iraque. Pouco antes, um outro carro explodiu no parque de estacionamento de um edifício governamental, no centro da cidade sem fazer vítimas, disse à AFP um responsável pela segurança da província.
Mais homogénea em termos étnicos do que a maioria das cidades iraquianas, Bassorá tem sido relativamente poupada à violência sectária que continua a flagelar Bagdad ou as regiões do Norte e Oeste do país.
Muitos destes ataques têm sido reivindicados ou atribuídos a grupos que gravitam em torno do autodenominado Estado Islâmico do Iraque (ISI, na sigla em inglês), tido como o braço iraquiano da Al-Qaeda. A organização radical tem cavalgado os protestos da população sunita contra o Governo do xiita Nuri al-Maliki, a quem acusam de ostracizar a minoria, que foi leal ao regime de Saddam Hussein.
Ao mesmo tempo que desafia os sunitas a pegarem em armas contra o Governo, multiplica ataques contra as forças de segurança e o Governo, como foi o caso de um ataque coordenado no centro de Bagdad que, entre outros alvos, visou a sede do Ministério da Justiça. Numa mensagem divulgada neste domingo em sites na Internet, o ISI reivindica a acção, na qual foram mortas 25 pessoas antes de as forças de segurança conseguirem recuperar o controlo da área, junto à fortificada Zona Verde, onde se situam muitas embaixadas estrangeiras e os principais edifícios do Governo.
Com o Governo praticamente paralisado desde a conclusão da retirada americana, no final de 2011, a reconstrução da economia a marcar passo, teme-se que os ataques reacendam a violência sectária que, entre 2006 e 2008 colocou o país à beira da guerra civil.
Foi nesse período que ocorreu a maioria das mortes registadas desde o início da invasão, segundo um novo balanço revelado pelo Iraq Body Count (IBC), organização sediada no Reino Unido e que se tem dedicado a estabelecer o custo humano da guerra desencadeada pelo ex-Presidente George W. Bush, sob o pretexto de que o regime de Saddam Hussein tinha armas de destruição maciça. Ao todo, refere o grupo, 112 mil civis foram mortos desde o início da invasão – um número que sobe para 174 mil se forem incluídas as baixas de combatentes armados e de óbitos cujas causas permanecem por apurar.
Quase metade das mortes ocorreram na região de Bagdad que foi, e continua a ser, a mais instável de todas as províncias do país. E apesar de uma redução significativa dos níveis de violência, o IBC refere que, em todos os anos desde então, entre quatro a cinco mil pessoas perderam a vida em consequência de ataques e atentados atribuídos a diversos grupos armados.