Empresas portuguesas entram na Colômbia à boleia da Jerónimo Martins

Dona do Pingo Doce inaugura um total de cinco supermercados Ara nesta semana.

Foto
Grupo que detém o Pingo Doce estreou-se nesta semana num novo mercado Enric Vives-Rubio

“A Jerónimo Martins apostou na Colômbia e eu acompanhei a aposta deles”, disse à Lusa, em Pereira, Colômbia, o responsável da construtora JMV, José Manuel Vieira. “Tenho uma empresa que já trabalha com a Jerónimo Martins há mais de 20 anos, conheço o espírito [do grupo]”, sublinhou o empresário que montou duas empresas na Colômbia, adiantando que actualmente conta com mais de “75 funcionários colombianos”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“A Jerónimo Martins apostou na Colômbia e eu acompanhei a aposta deles”, disse à Lusa, em Pereira, Colômbia, o responsável da construtora JMV, José Manuel Vieira. “Tenho uma empresa que já trabalha com a Jerónimo Martins há mais de 20 anos, conheço o espírito [do grupo]”, sublinhou o empresário que montou duas empresas na Colômbia, adiantando que actualmente conta com mais de “75 funcionários colombianos”.

A JMV é responsável pela construção das lojas Ara e pelo centro de distribuição. A aposta da empresa é concentrar-se no plano de expansão da Jerónimo Martins no mercado colombiano, “melhorar o serviço e dar formação aos colombianos para que entendam a forma como as lojas” devem ser feitas segundo o espírito da Jerónimo Martins.

José Manuel Vieira adiantou que levou para a Colômbia uma outra empresa, dedicada à electricidade, hidráulica e ar condicionado, que já existia em Portugal, denominada Tripolar, e que trabalha com o grupo há cerca de 25 anos.

Também João Rodrigues, sócio gerente da portuguesa Hiperfrio, aproveitou a boleia do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, que inaugurou as suas três primeiras lojas e um centro de distribuição na quarta-feira na Colômbia, para avançar para este mercado.

“Somos um parceiro da Jerónimo Martins há cerca de 18 anos”, disse à Lusa João Rodrigues, recordando que a parceria começou na Madeira. Avançaram para Portugal continental, depois para a Polónia e agora para a Colômbia.

“Numa altura menos boa em Portugal, [em termos de investimento,] isto veio a cair muito bem [para a empresa]”, sublinhou João Rodrigues. Questionado sobre se tem sido positiva a entrada na Colômbia de braço dado com a Jerónimo Martins, João Rodrigues afirmou que “tem sido muito vantajoso”, uma vez que o mercado português está “cada vez menos competitivo”.

A Hiperfrio abriu uma empresa na Colômbia, que permite “deslocar quadros”, e actualmente conta com 12 trabalhadores portugueses e outros 12 colombianos. “Temos vindo a trilhar este caminho com a Jerónimo Martins, [esta era uma] oportunidade [que] agarrámos”, sublinhou o empresário.

A Jerónimo Martins inaugura nesta quinta-feira mais duas lojas Ara, agora na zona de Armenia, no eixo cafeteiro da Colômbia, totalizando cinco novas lojas nesta semana.

Na quarta-feira, a abertura das lojas Ara em Pereira e em Santa Rosa levou a uma concentração de várias centenas de colombianos à porta das duas unidades, à espera que estas fossem abertas ao público, com a polícia a controlar a multidão, mas sem qualquer incidente.

Muitos queriam conhecer os produtos, ver preços e as novidades, com alguns dos colombianos a gritar “boa sorte” para os trabalhadores das lojas, enquanto aguardavam a abertura oficial.

Asdrubal, um morador na zona de Santa Rosa, explicou à Lusa que a sua visita se devia mais à curiosidade em conhecer a loja, sublinhando que esta nova unidade é “um bom negócio para o mercado local”. A curiosidade foi de tal ordem que duas horas após a hora do fecho estabelecido para as lojas de retalho Ara, havia unidades onde se mantinham cerca de três centenas de clientes, segundo a empresa.

A inauguração das lojas contou com a presença das autoridades locais e com direito a serem benzidas por um padre, com os trabalhadores a entoarem o jingleAra: Alegria al mejor precio” no momento da abertura das portas ao público.

Para Andreia, de 26 anos, trabalhadora da Ara, esta “é uma grande oportunidade” na sua vida, numa altura em que uma das prioridades da presidência de Juan Manuel Santos é combater a taxa de desemprego do país. “Estou muito contente em partilhar este momento especial”, disse, acrescentado que a abertura da Ara cria oportunidades aos colombianos.

Esta é uma ideia igualmente defendida por Hector, de 23 anos, também trabalhador da Ara. O jovem destacou “o investimento [feito pela Jerónimo Martins] na zona cafeteira”, manifestando-se “muito contente” pela oportunidade que este emprego dá para “crescer na empresa”.

Este ano, o grupo português vai investir 100 milhões de euros na abertura de um total de 40 supermercados Ara. A aventura colombiana surge 18 anos depois da entrada na Polónia, que, com a cadeia de hard discount Biedronka, já vale 62% das vendas e 72% dos lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da Jerónimo Martins.

Fora de Portugal, e além da Ara, o grupo está a testar a Hebe (de “health and beauty”, saúde e beleza) com 30 lojas na Polónia, e espera chegar ao final de 2013 com 100 unidades. “É um candidato forte ao desenvolvimento internacional e está em teste até 2015”, disse Alexandre Soares dos Santos, presidente do conselho de administração, quando apresentou recentemente os resultados financeiros.

A Jerónimo Martins fechou o ano com lucros de 360,4 milhões de euros, mais 6% face a 2011.